Secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino, aponta que as vacinas que não estão no horizonte de serem liberadas e testadas em crianças
O anúncio do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), que irá iniciar a imunização ainda em janeiro para a população paulista, a busca do governador Ronaldo Caiado (DEM), pela “democratização” do acesso à vacina apontam na direção antes inimaginada: o acesso a vacina em pouco mais de um ano no Brasil.
No entanto, o secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino, aponta que as vacinas que estão no horizonte de serem liberadas não estão sendo testadas em crianças.
Segundo o painel da Secretaria de Estado da Saúde, em Goiás há registrados 5.609 casos em crianças de 10 a 14 anos e 8.321 em crianças menores de 10 anos. No total, incluindo-se todas as faixas etárias, são 288.685 casos de Covid-19 registrados no Estado, desde o início da pandemia.
Em Goiás, a secretaria aponta que houve 13 mortes em decorrência do coronavírus entre crianças até 15 anos. Os números são baixos, no entanto, é certo que os mais jovens podem agir como espalhadores da doença, por serem assintomáticos e terem contato com pais e avós.
Goiás deve seguir o Plano Nacional de Imunização, que depende, por enquanto, do desenvolvimento da vacina pela Universidade de Oxford, comercializada pela AstraZenica. O Ministério da Saúde estima 109,5 milhões de doses na primeira etapa, que serão distribuídas por todos os estados.
Há a possibilidade da compra da vacina desenvolvida pela Pfizer, que, no entanto, exige uma logística mais complicada sobretudo pelas baixas temperaturas para o armazenamento. A própria Pfizer incluiu idosos e crianças de 5 a 12 anos nos testes da fase 2, mas no Reino Unido.
A vacina do Butantan, em parceria com a SinoVac, é alvo de guerra político-ideológica entre Dória e o governo Jair Bolsonaro (sem partido). É a vacina prometida pelo governo paulista para janeiro. O laboratório iniciou testes clínicos em crianças e adolescentes de 3 a 18 anos em setembro.
A farmacêutica Moderna (foto) anunciou, no início de dezembro, a inclusão de três mil crianças, entre 12 e 17 anos, nos testes das vacinas em desenvolvimento contra a Covid-19. A ideia é testar, em duas doses, a faixa etária, que até o momento não tem recebido testagens massivas.
Estudos
No entanto, o horizonte ainda é turvo em relação às crianças. A mesma Moderna, que anunciou a testagem na faixa etária, testou encontrou eficiência de 94,1%, na testagem de 30 mil adultos. No entanto, isso não garante que seja seguro nas crianças. A testagem inicial em adultos ajuda a ter a certeza que são seguras para testes em crianças. Mas é preciso testá-las.
Cientistas apontam que o sistema imunológico das crianças são mais “ativos” que dos adultos. Isso leva a fortes reações, como febres, dores musculares e fadiga. Caso essas reações sejam de fato fortes, é possível que pais não se sintam encorajados a levar os pequenos para uma segunda dose. Isso já acontece em vacinas existentes.
As crianças não estão, por enquanto, dentro do universo estabelecido pelo Ministério da Saúde para possível vacinação contra Covid-19 em 2021. Por enquanto, a pasta listou profissionais de saúde, grupos imunodeficientes, indígenas e pessoas com mais de 60 anos.
Segundo aponta artigo publicado na Helthline, pesquisadores ainda precisam avaliar estudos adicionais para mensurar como as vacinas afetam crianças pequenas. Pesquisadores precisam determinar dosagens, intervalo entre doses, e número de doses que funcionam bem nas crianças. Isso pode demorar muitos meses. A expectativa é que não sejam vacinados até o verão ou outono no hemisfério norte — ou seja, até o fim do ano.
Diante disso, a Academia Estadunidense de Pediatria (AA) publicou uma nota, em novembro, para que as farmaceuticas incluissem as crianças em seus testes. Nos Estados Unidos, estima-se que em torno de 1 milhão de crianças contraíram a Covid-19.
Por Jornal Opção