Presidente retomou discurso de que culpa do preço da gasolina é dos governadores e criticou “um governador de Goiás aí”; eles eram aliados
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a jogar a culpa da alta do preço do combustível nos governadores durante entrevista ao programa Hora do Strike, do Gazeta do Povo, na quinta-feira (9/12). A crítica foi voltada especialmente ao governador Ronaldo Caiado (DEM), a quem Bolsonaro se referiu como “um governador de Goiás aí” e “mentiroso”.
A declaração do presidente foi no momento em que falava da expectativa de redução de 10% no preço da gasolina. Ele pediu que apoiadores tirassem fotografias dos preços na bomba de combustível e afirmou que não haveria queda nos preços, mesmo se tiver diminuição na Petrobras.
ICMS
Mais uma vez, o presidente disse que o aumento nos preços era por causa do ICMS dos governadores, que segundo ele teria aumentado. Em agosto deste ano, o governador goiano foi até o Twitter rebater o presidente e explicar que o imposto não havia sido alterado. Bolsonaro relembrou esse episódio na entrevista desta semana.
“Tem um governador de Goiás aí que falou que eu estava mentindo porque o percentual não tinha variado. Mentiroso é ele! Porque o percentual realmente não variou, é o mesmo”, defendeu o presidente.
Bolsonaro ainda completou: “É que além de ele cobrar em cima do preço final da bomba, ele é também bitributado. O que é bitributado? Como é no final da bomba, já está ali incluso, o valor do PIS COFINS, o imposto federal. Ele cobra ICMS em cima do imposto federal, cobra em cima do cobrado do frete, dos tanqueiros. Cobra em cima da margem de lucro do posto de combustível e também em cima do próprio ICMS. Isso é um crime que acontece no Brasil todo, não é apenas Goiás. É no Brasil todo”, defendeu o presidente.
Distanciamento
Aliados nas eleições passadas, Bolsonaro e Caiado estão em processo de distanciamento político desde o início da pandemia. As divergências entre o governador de Goiás, que é médico, e o presidente foram evidentes em vários momentos. Caiado foi um dos primeiros a adotar regras de restrição, enquanto o presidente era totalmente contrário a isso, criticando impedimentos à circulação de pessoas, fechamento do comércio e mesmo a vacinação.
Até então, Bolsonaro era figura fácil nos eventos em Goiás, sempre com a presença do governador. Mas a relação foi abalada. Nos bastidores, o grupo bolsonarista começou a articular a candidatura de um nome próprio para disputar o Governo de Goiás em 2022.
Nesta semana, Bolsonaro deu aval para o deputado Major Vitor Hugo como candidato ao governo de Goiás. Caiado vai tentar reeleição.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Comunicação de Goiás para se manifestar a respeito da questão, mas ainda não obteve resposta. O governador Ronaldo Caiado também não falou a respeito disso ainda nas redes sociais.
Por Metropoles