Família cobra explicações após morte de jovem em ação da PM em São Luís de Montes Belos

0

Polícia afirma que rapaz atirou contra equipe e militares reagiram. Parentes disseram que ele tinha uma arma, mas acreditam que não houve confronto e que ele foi executado.

A família de um jovem de 22 anos cobra explicações após a morte do rapaz durante uma ação da Polícia Militar em São Luís de Montes Belos. Os parentes dizem que ele foi executado. Já os policiais relatam que o rapaz aparece em um vídeo mostrando armas e atirou contra a equipe quando foi abordado. O caso é investigado pelas polícias Civil e Militar.

João Pedro Martins de Sousa trabalhava como repositor em uma fábrica de refrigerantes e morreu no dia 20 de abril. Segundo o registro de ocorrência feito pela Polícia Militar, uma equipe soube de um vídeo em que duas pessoas aparecem em um carro segurando armas e dirigindo pela cidade.

Após uma apuração, conseguiram identificar um dos suspeitos de aparecer nas imagens. Quando a PM o encontrou, o homem confessou a gravação e disse que tinha uma arma em casa. Porém, as pistolas que apareciam no vídeo estavam na casa de João Pedro.

A PM foi ao local e encontrou João na porta de casa, voltando do trabalho. Segundo os policiais, ele entrou correndo, tentando fugir, e os militares correram para tentar prendê-lo.

“Nos fundos da residência o indivíduo foi visualizado com arma na mão. Foi dada voz de parada, e determinado que soltasse a arma, mas o indivíduo começou a efetuar disparos contra a equipe, que reagiu a injusta agressão também com disparos de arma de fogo”, diz o boletim de ocorrências.

João foi baleado e morreu no local. Ainda segundo a polícia, com ele foi encontrada uma pistola, e outra estava no guarda-roupas. As duas seriam as exibidas na gravação.

João Pedro Martins de Sousa foi morto dentro de casa em ação da PM — Foto: Eduardo Martins/Arquivo Pessoal

Suspeita de execução

A família, no entanto, contesta a versão apresentada pelos policiais e acredita que o rapaz foi executado. “Como alguém que acabou de chegar do serviço ficaria no portão com uma arma na mão? E se ele correu quando viu a polícia, ele teve tempo de pegar uma arma”, questiona Eduardo Martins, tio de João, mas que o criou como sendo filho e a quem o rapaz chamava de pai em posts em rede social.

A Polícia Civil informou que João Pedro não tinha antecedentes criminais, mas não pode passar mais informações sobre as investigações.

O g1 tenta contato com a assessoria de imprensa da PM desde quinta-feira (2), mas não teve retorno até a última atualização dessa reportagem. Um documento encaminhado pela família mostra que a Polícia Militar abriu um Inquérito Policial Militar para apuração do caso. A previsão é que o procedimento seja concluído em até 90 dias.

Família faz protesto pedindo justiça pela morte de João Pedro Martins de Sousa — Foto: Eduardo Martins/Arquivo Pessoal

Más companhias

O tio de João Pedro disse que o repositor estava andando com pessoas que já tinham ficha criminal.

“Ele não tinha nada que vinha de crime. Ele morava em um lugar pobre e andava com gente que não presta. Ele tinha uma arma, o que eu era extremamente contra, mas não tinha porte”, contou.

Eduardo questiona a forma como a polícia agiu no caso. “O corpo dele havia roxos que não eram de projéteis, provavelmente foram chutes. E todos os tiros foram no peito e na cabeça. Um policial capacitado como eles não conseguiriam rendê-lo de outra forma?”, questionou.

No último dia 20, um mês após a morte de João Pedro, a família fez um protesto pelas ruas da cidade cobrando justiça. O Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil informaram que acompanham o caso.

Por G1

Deixe uma resposta

Please enter your comment!
Please enter your name here