Gabriela Samadello Monteiro de Barros disse estar mais tranquila com a detenção do colega, mas pediu mais rigor na legislação em casos de feminicídio
Procuradora-geral do município de Registro, em São Paulo, Gabriela Samadello Monteiro de Barros concedeu entrevista ao programa “Jornal da Manhã” neste sábado, 25, e falou sobre o episódio em que foi espancada pelo colega de prefeitura, o procurador Demétrius Oliveira de Macedo.
À Jovem Pan, a mulher de 39 anos classificou o agressor como um “sociopata”, uma pessoa que não tem empatia, e celebrou o fato do criminoso estar preso – ele foi detido na última quinta-feira, 23. “Meu sentimento é de que a justiça está sendo feita.O Estado deu uma resposta rápida, graças a Deus. Tive muito apoio de todas instituições, seja no Ministério Público, da Policia Civil, do governador ou das entidades de classe. Agora estou mais tranquila. Estava com muito medo de sair na rua, de ser morta por ele.É uma pessoa que, aparentemente, tinha muita raiva de mim. Ele é inconsequente com seus atos. Estou mais tranquila”, disse.
A denúncia oferecida pelo Ministério Público à justiça do Estado de São Paulo contra Demétrius é por tentativa de feminicídio. À JP, Gabriela confirmou que o companheiro de trabalho desferiu golpes com a intenção de cometer um assassinato. “Com relação aos ferimentos, ele direcionou os golpes para a cabeça, principalmente na minha têmpora, na parte esquerda da cabeça.
Ele me bateu no corpo inteiro, nas pernas, nos braços, nas costas… Eu estou toda machucada. Isso demonstra que, na verdade, ele queria me matar”, declarou a procuradora, que pediu mais rigor na legislação em casos como esse. “Hoje, eu entendo que não há uma medida protetiva eterna. Obviamente, pelas imagens e pela agressividade, ele tentou me matar. Que seja condenado por isso! Mas acho que políticas públicas tem que ser desenvolvidas nesse sentido. A legislação deve ser mais rigorosa. Essa cultura machista tem que acabar, ser exterminada na nossa sociedade. Esse indivíduo não tem a menor possibilidade de conviver em sociedade. Tem que ficar segregado. Na minha opinião, ele é um sociopata”, declarou.
Gabriela também confirmou que a motivação do crime cometido por Demétrius tem relação com misoginia (aversão às mulheres). “Todas as testemunhas, pelo que eu conversei e se viu do inquérito, confirmaram a misoginia. Era bem evidente a não aceitação dele, a insubordinação dele a partir do momento em que a doutora Katia passou a ser procuradora-geral, em 2019. Esse comportamento dele piorou quando fui nomeada, em 2021. A comunicação verbal e não verbal frente às mulheres era sempre hostil, sempre agressiva. Inclusive, o que motivou a violência foi porque eu estava apurando uma conduta dele… Ele havia gritado contra uma funcionária, havia sido grosseiro com ela. Então, com certeza, isso está bem caracterizado. Espero que seja reconhecido judicialmente também”, complementou.
O MP ainda pediu que o acusado permaneça preso. O agressor foi detido na última quinta-feira, 23, pela polícia civil em uma clínica em Itapecerica da Serra – ele já tinha tido a prisão preventiva decretada pela justiça. Demétrius foi afastado temporariamente do trabalho pela prefeitura de Registro, por 30 dias, sem direito a receber salário enquanto corre o processo administrativo que foi aberto pela administração pública contra ele. Ele também é alvo de processo disciplinar da Ordem de Advogados do Brasil, processo que deve ser concluído em até 90 dias e pode culminar na suspensão da carteira da OAB. O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), usou as redes sociais para falar sobre a prisão do procurador: “Que a Justiça faça a sua parte agora e use contra ele todo o peso da lei. Agressor de mulher vai para a cadeia aqui em São Paulo. Denuncie sempre”.