Este ano a doença já causou 149 mortes em Goiás, 382% a mais que em 2021
Desde o início do ano os casos de dengue em Goiás não param de aumentar, e de acordo com a Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado (Suvisa), somente em 2022 foram confirmados 180 mil casos de dengue em Goiás. Esse é um aumento de 296% quando comparado com os últimos 12 anos. Além disso, a quantidade de óbitos também aumentou, e cerca de 149 pessoas morreram devido à doença.
O dado foi divulgado pelo último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que avaliou o período de 2 de janeiro a 29 de outubro deste ano. Conforme o levantamento, o estado também é vice-líder nacional em número de casos prováveis da doença, com 204 mil ocorrências. Os números só ficam atrás do estado de São Paulo.
Se feito um ranking, São Paulo lidera o número de casos prováveis de dengue e o número de mortes pela doença, com 343.931 ocorrências (entre confirmados e notificados) e 273 óbitos. Em seguida, está Goiás com 204.275 casos e 149 mortes e, em terceiro lugar, o estado do Paraná, com 159.107 casos e 107 óbitos.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Goiás (SES-GO), o número de mortes por dengue registrado em 2022 é, até o momento, o maior já visto em 12 anos. Em 2021, foram registradas 38 mortes, o menor número já registrado. Os dados começaram a ser contabilizados pela pasta em 2010, quando houve um registro de 93 mortes da doença no Estado. O segundo número mais alto foi em 2015 com 102 mortes.
A doença, causada por um vírus, é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. O pernilongo também é o transmissor de outras doenças como a zika e a chikungunya e se reproduz a partir da água parada.
Ações de prevenção
A assessora técnica de gabinete da Suvisa, Dra. Cristina Aparecida Laval, orienta os moradores a fazer uma vistoria minuciosa em suas residências, para eliminar os prováveis criadouros do mosquito no período em que o imóvel permanecer fechado. Entre as medidas que inibem a reprodução do inseto em grande escala, estão a vedação da caixa d’água, o recolhimento e acondicionamento do lixo no quintal, a cobertura de cisterna e de todos os reservatórios de água.
O Aedes aegypti tem a capacidade de se reproduzir nos mais inusitados e impensados lugares. Um criadouro muito comum é o recipiente de degelo das geladeiras. “Ao viajar, mesmo que por poucos dias, as pessoas devem fazer a limpeza desse compartimento”, pontua a especialista. O mesmo cuidado deve ser adotado com os vasos de plantas, vasos sanitários, depósitos de água de umidificadores, ralos de banheiro e sifões das pias da cozinha e do banheiro.
Todos esses locais são potenciais criadouros do mosquito pelo fato de acumularem água, mesmo que em pequena quantidade. O ovo do vetor, em contato com a água parada, leva em média sete dias para se transformar em mosquito adulto. Os quintais das residências também merecem atenção. Eles devem se manter limpos, sem qualquer objeto que possa acumular água.
Laval destaca que itens aparentemente inofensivos, como tampinhas de garrafa, pequenas latas e copos plásticos, se transformam em ambientes favoráveis à proliferação do inseto. Por fim, ressalta que é a atuação do cidadão no âmbito de seu domicílio o fator decisivo para reduzir e evitar esse vetor de doenças.
Cuidados em casa
Ações que devem ser adotadas, pelo menos uma vez por semana, para prevenir e combater o mosquito da dengue, zika e chikungunya são várias. Verificar se a caixa d’água e as lixeiras estão fechadas; colocar areia nos pratos de plantas; recolher e acondicionar o lixo do quintal; cobrir piscina, cisternas e demais reservatórios de água; tapar os ralos e baixar as tampas dos vasos sanitários; limpar as calhas, bandejas externas da geladeira, vasilhas dos bichos de estimação e bandejas coletoras de água do ar-condicionado.
Seu Antônio Tadeu Brandão de Araújo, 50, contraiu dengue duas vezes em menos de 2 anos, e durante o periodo de infecção viu que um pequeno mosquito afeta muito a saúde dos seres humanos. Depois de passar por essa experiência terrível, ele sempre tá de olho nos cantinhos da casa, pra evitar oferecer locais que favoreçam o Aeds aegypti se proliferar.
“Apesar de frequentemente buscarmos manter a casa livre dos focos do mosquito, os agentes da saúde são pessoas qualificadas e podem nos orientar da melhor forma. Muitas vezes, podemos estar fazendo a limpeza de forma errada, então sempre gosto de recebê-los e mostrar onde eu já limpei para garantir que aqui estamos seguros e sem água parada”, disse o morador.
Quem também teme o mosquito e faz de tudo para contribuir com o combate à Dengue é a dona Florinda Torres. Ela é vizinha de Antônio, e na sua família somente sua netinha escapou da doença. Todos seus filhos, e esposo foram infectados ao menos uma vez, e desde então a vistoria no quintal é realizada toda semana.
“É aquela coisa, eu faço a minha parte, mas, às vezes, o outro não. A gente vive hoje uma situação de pandemia, se isolando para evitar se contaminar e não contaminar ninguém. Mas não podemos nos esquecer dessas doenças sazonais, como dengue e H1N1. Se não cuidarmos, tudo pode virar um caldeirão de doenças”, alertou a dona de casa.
Ranking dos últimos 12 anos
- 2010 – 93 mortes
- 2011 – 51 mortes
- 2012 – 52 mortes
- 2013 – 95 mortes
- 2014 – 93 mortes
- 2015 – 102 mortes
- 2016 – 69 mortes
- 2017 – 53 mortes
- 2018 – 85 mortes
- 2019 – 100 mortes
- 2020 – 47 mortes
- 2021 – 38 mortes
- 2022 – 149 mortes
Por O Hoje