Em interceptação telefônica feita pela PF, um dos alvos descreve as câmeras existentes no local de votação
A maior facção criminosa do país, suspeita de planejar um atentado contra autoridades, monitorou até o local de votação do ex-ministro e atual senador Sergio Moro. A partir de interceptações telefônicas e telemáticas, policiais federais conseguiram rastrear manuscritos que incluíam informações como seus endereços, nomes dos familiares, telefones, e-mails de seus filhos e até suas declarações de bens. Em uma das trocas de mensagens interceptadas, há um relato detalhado sobre o “reconhecimento de local” feito no Clube Duque de Caxias, em Curitiba, no Paraná, onde ele votou na última eleição.
Nessa conversa, feita a partir de um aparelho celular utilizado por Janeferson Aparecido Mariano, um dos alvos da PF, seu interlocutor descreve as câmeras existentes no clube, a equipe de segurança e até as rotas de acesso ao local. “Na guarita de acesso, estão dois seguranças e um vigia no pátio, logo após a guarita está o salão ao qual será usado para votação”, diz um dos trechos do print.
As informações vieram a público nesta quinta-feira, depois que a Justiça determinou a retirada do sigilo da decisão que autorizou a PF a realizar a operação.
Na decisão que deferiu 11 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão, a juíza federal Gabriela Hardt afirma que, durante as investigações, foi verificado que a antena do telefone de um dos bandidos esteve no bairro Bacacheri, onde está localizado o clube. Os agentes federais também comprovaram que o mesmo celular esteve no local de residência de Sergio Moro e ainda no escritório de advocacia da mulher do senador.
No documento encaminhado a magistrada, a PF destacou que “as ações para a concretização do ataque ao Senador Sergio Moro iniciaram-se, efetivamente, em setembro do ano passado, justamente no período eleitoral”. Na ocasião, Moro era candidato ao cargo de senador pelo Paraná, o qual ocupa hoje.
Os agentes federais apontaram também a atuação dos criminosos em Curitiba ao menos há seis meses, com presença de investigados na cidade, aluguel de endereços e apuração da rotina de Moro e seus familiares.
Operação
A PF iniciou, nessa quarta, uma operação para prender um grupo criminoso que planejava realizar ataques contra servidores públicos e autoridades. Entre as ações, os suspeitos pretendiam inclusive homicídios e extorsão mediante sequestro. Um dos alvos era o ex-juiz Sérgio Moro e o promotor de Justiça de SP, Lincoln Gakiy. Ao todo, nove pessoas foram presas e duas continuam foragidas.
De acordo com a PF, os ataques eram planejados em cinco unidades da federação: Rondônia, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Foram expedidos 24 mandados de busca e apreensão, sete mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária contra suspeitos e endereços situados em Rondônia, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
Por Mais Goiás