Conforme projeção do Datafolha, o empresário Sandro Mabel, do UB, candidato apoiado pelo governador Ronaldo Caiado, foi eleito prefeito de Goiânia neste domingo, 27, derrotando o candidato Fred Rodrigues, do PL, apoiado por Jair Bolsonaro. Até o fechamento desta matéria, havia 67,87% das urnas apuradas, apontando Mabel com 55,63% dos votos, equivalente a 241.035, e Fred com 44,37%, representando 192.226 votos.
Conforme o jornal Folha de S. Paulo, para projetar a vitória de um candidato, o Datafolha acompanha os dados da apuração divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral e, por meio de um sistema próprio, faz a projeção do resultado considerando o peso que cada zona eleitoral tem em relação ao total de eleitores de cada cidade. Quando há um número razoável de votos apurados em todas as zonas eleitorais, poderá ser possível estimar que um candidato não pode mais ser ultrapassado, e, portanto, projetar sua vitória.
A vitória de Mabel confirma o favoritismo apontado nas pesquisas de intenção de voto divulgadas desde o início da campanha do segundo turno, e representa não só a confirmação das projeções iniciais, como também o triunfo do caiadismo sobre o bolsonarismo – duas potências da direita que testaram suas forças no segundo turno das eleições municipais de Goiânia.
No último dia 6 de outubro, muitos foram pegos de surpresa com a votação expressiva de Fred Rodrigues – que terminou o primeiro round do pleito em primeiro lugar -, uma vez que boa parte das pesquisas apontavam um possível segundo turno entre Sandro Mabel e a petista Adriana Accorsi, que acabou ficando em terceiro lugar.
A virada de Mabel sobre Fred indica que o candidato, agora eleito, e a base governista que o apoiou trabalharam de forma eficaz a fim de atrair novos eleitores – leia-se, aqueles que votaram em algum dos candidatos derrotados no primeiro turno: Adriana Accorsi, Matheus Ribeiro e Vanderlan Cardoso, e demonstraram uma preferência pela candidatura do caiadista, em detrimento do bolsonarista, no segundo turno do pleito.
Os dois líderes direitistas – Ronaldo Caiado, governador de Goiás, e Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil – marcaram presença de peso na campanha de seus candidatos. Enquanto Caiado acompanhou Mabel na maioria de suas agendas importantes e articulou apoios e reuniões para o empresário, Bolsonaro esteve em Goiânia ao menos quatro vezes para apoiar Fred em algum ato político.
Enquanto Mabel fez colar o status de gestor (o governo, inclusive, identificou a característica como uma demanda do eleitor em pesquisas qualitativas), Fred recorreu ao título de “único candidato da direita, apoiado por Bolsonaro”. No final das contas, a predileção do eleitorado goianiense por um perfil mais alinhado às questões técnicas do que ideológicas falou mais alto, dando a vitória a Mabel.
“Preview” de 2026?
Vale dizer que o resultado deste domingo pode dar o tom do pleito de 2026, quando haverá eleição para governador e presidente da República. Com a vitória de seu candidato, Caiado quebra dois tabus: o de que governador não faz prefeito em Goiânia e o de que candidato que ficou em segundo lugar no primeiro turno não ganha no segundo turno.
O chefe do Executivo estadual sai fortalecido e com mais um “tijolo” no pavimento de seu projeto político – Caiado será candidato a presidente em 2026 e pode se colocar como a alternativa, dentro da direita, à candidatura do bolsonarismo.
Por outro lado, o ex-presidente Bolsonaro, mesmo ainda contando com capital político e eleitoral de respeito, sai enfraquecido. Goiânia é considerada uma cidade “bolsonarista”, e o fato de seu candidato não ganhar aqui, mesmo com o apoio explicitamente declarado do ex-presidente, pode colocar em xeque esse título, abrindo caminho para outros nomes da direita (tal qual em São Paulo, em que despontou Pablo Marçal).
Por JO