Delegado, que inicialmente tratava caso como latrocínio, diz que produtor rural ordenou o crime devido a uma disputa por bens. Vídeo mostra agenciador confessar que recebeu R$ 50 mil pelo homicídio.
Ex-marido da vereadora Roseli Aparecida de Oliveira (DEM), de 55 anos, o produtor rural Vilmar Rodrigues da Rocha, de 57, foi preso nesta quinta-feira (13) suspeito de mandar matar a vítima durante um assalto simulado, por causa de uma briga pela divisão de bens. Inicialmente, o caso era tratado como roubo seguido de morte. Outros quatro suspeitos estão detidos.
“Chamou modos operanda atenção porque no latrocínio a pessoa quer apenas subtrair o patrimônio, mas eles quiseram matar a vítima mesmo depois do carro batido. Suspeitos de uma execução premeditada e levantamos que o ex-marido tinha motivos para isso”, afirmou o delegado responsável pelo caso, Rogério Moreira da Silva.
O G1 não localizou a defesa de Vilmar Rodrigues da Rocha e dos demais suspeitos até a publicação desta reportagem. Segundo a polícia, ao ser preso, o produtor rural não respondeu às perguntas da corporação.
O crime ocorreu na noite do último dia 2 de dezembro, em Bom Jesus de Goiás, região sul do estado. Roseli foi abordada dentro de casa, quando saiu na área para abrir o portão para o filho entrar na residência. Os criminosos alegaram que iam roubar o carro dela e levá-la como refém.
Logo após o suposto assalto, policiais militares e civis iniciaram as buscas pela vereadora. Por volta das 6h do dia seguinte, 3 de dezembro, as equipes encontraram Natanael Cardoso dos Santos, de 22 anos e, Gilberto Alves da Silva, de 26, sujos e com ferimentos, caminhando às margens da BR-452.
Os policiais prenderam a dupla e, em seguida, encontraram a vereadora morta dentro do carro dela, um Honda Civic, às margens da BR-452. Na ocasião, Natanael assumiu ter atirado contra a vítima porque ela tentou reagir. Horas depois, outro suspeito foi preso.
O delegado contou que a investigação continuou e chegou até o pai de Natanael, o servente de pedreiro Joaquim dos Santos, de 60 anos. Ele foi preso na noite de quarta-feira (12), na casa em que mora, em Itumbiara, cidade a cerca de 60 km de Bom Jesus de Goiás.
Reviravolta
No local, Joaquim confessou ter cometido o crime a mando do ex-marido da vítima. Um vídeo registra a confissão do servente de pedreiro.
“O seu Vilmar me procurou, pergunto se eu executava a mulher dele porque ela estava incomodando o pai e a mãe dele. Falei que não fazia o serviço, mas podia encontrar alguém para fazer”, relatou o suspeito.
De acordo com Joaquim, o ex-marido da vereadora prometeu R$ 50 mil para que ele agenciasse o crime. Segundo o suspeito, ele contratou os envolvidos diretamente no suposto assalto e os levou de Itumbiara até Bom Jesus de Goiás para que cometessem o crime. “Mostrei a casa e vim embora”, completou.
“Recebi R$ 20 mil do seu Vilmar. Já gastei, comprei moto, um armário, mesa, ventilador e fogão e paguei com o dinheiro que recebi. Ia passar uma parte para os outros”, declarou o suspeito.
Briga por bens
Após a morte de Joaquim, a Polícia Civil conseguiu que o Poder Judiciário expedisse o mandado de prisão preventiva contra o ex-marido da vítima. Vilmar foi preso na casa dele, em Bom Jesus de Goiás, no início da manhã.
Conforme Rodrigo, testemunhas relataram que o casal estava separado há anos e, desde então, travava uma disputa judicial envolvendo a separação dos bens. O delegado disse que não sabe o valor em questão porque o processo corre em segredo de Justiça, mas que se trata de uma grande quantidade.
“Familiares relataram em depoimento ameaças anteriores cometidas por ele. Ele teria dito que preferia matar a passar o patrimônio a ela”, disse o delegado.
Rodrigo informou que deve concluir o inquérito até a próxima segunda-feira (17). Ele afirmou que indiciará os cinco envolvidos por homicídio qualificado mediante paga ou promessa de recompensa. Se condenados, podem pegar de 12 a 30 anos de prisão.
Por G1