Prefeitos de cidades com pouca estrutura hospitalar manifestaram apoio às medidas já tomadas pelo governo, como o reforço do isolamento social. Já administradores de municípios com mais capacidade de atendimento sugeriram que o governo analise cidade por cidade.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), se reuniu pela internet com mais de 30 prefeitos, nesta segunda-feira (18), para reunir propostas, de acordo com as realidades municipais, para montar um futuro decreto estadual com medidas para o combate ao coronavírus.
Caiado lembrou os políticos do decreto que está em vigor desde 19 de abril, que dá poderes aos prefeitos para tomarem medidas próprias de enfrentamento à doença. Este documento tem validade por 150 dias.
Na semana passada, o governador recuou de tomar medidas mais drásticas para combater o coronavírus e alegou falta de apoio dos gestores municipais. Segundo Caiado, um novo texto sem adesão dos municípios e da população seria um conjunto de “letras mortas”.
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O novo decreto, segundo Caiado, pode trazer um plano para as 24 cidades mais críticas ou com maior potencial de agravamento de casos de Covid-19 e cidades turísticas que estavam se sentindo “desconfortáveis” por não terem regras para controlar a entrada de visitantes.
Algumas cidades que preocupam a Saúde estadual foram citadas pelo governador, como Porangatu e Campos Belos, que têm registrado aumento nos números de casos de coronavírus. Outras cidades foram colocadas à mesa por ter baixa estrutura hospitalar, entre elas São Luís de Montes Belos, que não tem hospital municipal, e Aragarças, que tem apenas um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Alguns prefeitos reforçaram a falta de equipamentos para o devido atendimento dos pacientes e disseram que apoiam uma futura decisão do governador sobre o fechamento do comércio, de forma geral, e demais ações mais rígidas de isolamento social que venham a ser tomadas.
O prefeito de Aragarças, José Elias (PROS), reforçou que a cidade, apesar de não ter caso confirmado, fica “ilhada” caso apareça alguma confirmação. Segundo o gestor, nesse cenário, seria necessário enviar pacientes com a doença para a capital, que fica a 380 km de distância.
Já prefeitos de cidades com maior estrutura hospitalar, principalmente, as que possuem respiradores eletrônicos, sugeriram a manutenção do atual decreto, que flexibilizou a reabertura de vários segmentos comerciais conforme a avaliação da administração de cada município.
O prefeito de Itumbiara, José Antônio (PTB), por exemplo, defendeu a abertura do comércio, mas seguindo regras de prevenção, como uso de máscaras e higiene das mãos.
Goiânia
O prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), foi o primeiro a ser ouvido na conferência e destacou que a capital ultrapassou 1 mil infectados pelo novo vírus e acumula 30 mortes, mas analisa que o avanço da Covid-19 está “relativamente contido”.
“Em relação à população de 1,5 milhão de habitantes, perdemos esse número de pessoas. Entendo que, com a ação do governo e da prefeitura, estamos conseguindo conter o avanço do vírus”, disse Iris Rezende.
Segundo o discurso do prefeito, “é raro ver em Goiânia uma pessoa que não está devidamente com proteção. Não se vê rodinhas. A população atende aos nossos apelos e campanhas”.
Aparecida de Goiânia
Para o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB), há bairros no município que preocupam pela grande movimentação de pessoas, como o Garavelo, citado pelo gestor. “É um lugar que podemos fechar a qualquer momento”, comentou Mendanha.
O prefeito explicou o motivo de flexibilizar a reabertura dos comércios locais. “Ampliamos o número de UTIs, são 160 leitos entre UTIs e semiutis. Estamos testando 300 pessoas por semana. Queremos testar 300 pessoas por dia. As empresas com mais de 15 funcionários devem ofertar transporte aos funcionários”, disse Mendanha.
Interior
O prefeito de Caldas Novas, Evandro Magal (PP), defendeu a flexibilização gradativa do comércio, pois a rede pública de saúde tem 12 respiradores e aguarda a chegada de mais dois para equipar o Hospital Municipal e as UPAs. “Não queremos fechar [comércio] o que já estava autorizado, mas planejar a abertura com base na quantidade de leitos disponíveis”, sugere Magal.
Segundo o prefeito, a Secretaria Municipal de Saúde concluiu um estudo que a cidade pode suportar até 40 casos ativos de coronavírus. Caso o número dobre para 80 casos, já seria necessário voltar a fechar o comércio. Se a cidade chegar a 160 infectados, ele afirma que pode adotar uma medida de fechamento total.
O prefeito de Ceres, Rafaell Dias Melo (PSDB), pediu ao governador que analise a situação de cidade por cidade nos futuros decretos, já que a cidade que administra tem condições de manter o comércio aberto diante da estrutura de saúde que mantém.
Fábio Correa (PRTB), prefeito de Cidade Ocidental, no Entorno do Distrito Federal, sugeriu que o foco do atendimento dos pacientes com coronavírus da região esteja em Luziânia, que deve inaugurar nesta semana o Hospital Regional.
Para Correa, a situação da região do Entorno do Distrito Federal é atípica, porque grande parte dos moradores trabalham em Brasília e retornam às cidades para dormir.