O Mais Anápolis recebeu um vídeo que mostra uma fumaça escura saindo de dentro do presídio; DGAP diz que queima é de materiais descartados
Um advogado de 10 detentos denuncia uma série de abusos que estariam sendo cometidos por policiais penais contra presos das Alas A e B, do Centro de Inserção Social Monsenhor Luiz Ilc, cadeia pública de Anápolis. Segundo ele, além de os agentes queimarem roupas e colchões dos internos, os detentos são torturados com choque elétrico e afogamento.
Ao Mais Anápolis, o profissional que prefere não ser identificado, afirma que as agressões ocorrem à noite. “Os internos têm relatado torturas psicológicas, eles estão sendo afogados e levando choques. Os pertences deles são queimados quase que semanalmente“, denuncia. Ainda segundo o advogado, ocorre de a cobal não ser entregue. Cobal são os alimentos e materiais de higiene levados por familiares para os internos.
“A cobal quase nunca é entregue ao interno. A família entrega em uma dia e os policiais jogam fora no outro. Eles também ficam sem energia elétrica. Muitos estão gripados porque dormem molhados“, afirma. Familiares confirmam as denúncias.
De acordo com a esposa de um detento, em um período de seis meses, ela já precisou repor quatro colchões e entregar na cadeia pública. “Eles [os policiais penais] entram e tomam roupas e colchões, e colocam fogo em tudo. Colocaram um saco na cabeça dele e quase o mataram de tanto bater“, relata.
Neste domingo (15), o Mais Anápolis recebeu um vídeo que mostra uma fumaça escura saindo de dentro do presídio. Segundo a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), a queima é de materiais descartados, como plástico e resíduos de construção resultados de uma reforma feita da unidade.
OAB Anápolis barrada ao entrar no presídio
No fim da semana passada, a diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção Anápolis esteve no Centro de Inserção Social Monsenhor Ilc após receber denúncias de violação de direitos humanos na cadeia pública de Anápolis.
Porém, os integrantes da subseção foram barrados ao entrar ao local porque seria necessária a comunicação antecipada à Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) e somente após autorização eles poderiam entrar.
“Diante de tamanha violação à função social da Ordem dos Advogados do Brasil, na defesa dos pilares assentados na Constituição Federal, comunicamos que todas as medidas legais cabíveis serão tomadas para que atos dessa espécie não voltem a acontecer”, comunicou a subseção em uma rede social.
Procedimentos, queima para diminuir volume e agendamento com antecedência — o que diz a DGAP
Em nota ao Mais Anápolis, a DGAP informou que a ordem e a disciplina da Unidade Prisional Regional seguem normalizadas e mantida a segurança no local. De acordo com a Diretoria-Geral, foram realizados procedimentos operacionais padrão da instituição com o objetivo de manter a segurança no presídio.
Segundo a direção da unidade, a fumaça é da queima de materiais descartados, como plástico e resíduos de construção resultados de uma reforma feita da unidade. Os materiais foram queimados, segundo a DGAP, para diminuir o volume e facilitar no momento da coleta de lixo.
A Coordenação Regional Prisional (CRP) da 1ª Regional ressaltou que o foco de incêndio foi controlado pela unidade e o contêiner onde os produtos foram queimados fica no estacionamento da presídio, distante da carceragem.
Sobre a inspeção da OAB ao local, a Diretoria-Geral informou que agendamento pode ser feito com, ao menos, 24 horas de antecedência para que possam ser adotadas as medidas de segurança para garantia da integridade de todos os visitantes na unidade.
Por Mais Anapólis