Em noite de gala dos Gabriéis, Seleção Olímpica dá resposta aos críticos com goleada sobre a Dinamarca na Arena Fonte Nova, paga com jutos os gols perdidos em Brasília e pega Colômbia nas quartas, sábado, em São Paulo
Salvador — Antes de dormir, o técnico Rogério Micale deve agradecer a Deus por ter dois anjos da guarda com o mesmo nome: Gabriel. O Barbosa foi responsável por quebrar o jejum de 206 minutos da Seleção Brasileira sem balançar a rede nos Jogos Olímpicos. Das 16 seleções que participaram do torneio masculino, o Brasil foi o último a marcar. E compensou com juros. Gabigol fez dois, Gabriel Jesus, um, e Luan, outro nos 4 x 0 sobre a Dinamarca. Faltou o de Neymar, mas, na noite desta quarta-feira, ele jogou bem. Deu passes, distribuiu lençol, tentou quebrar o jejum de sete jogos sem marcar com a amarelinha e saiu aplaudido. Ao contrário dos protetos de Marta em Brasília, ouviu gritos de “Neymar” na Fonte Nova.
O resultado classificou o Brasil em primeiro lugar para as quartas de final. No sábado, a caça ouro terá como obstáculo a Colômbia, na Arena Corinthians, em São Paulo. A Dinamarca avançou em segundo e fica em Salvador para encarar a Nigéria no mesmo dia graças ao empate por 1 x 1 entre Iraque e África do Sul, que “morreram” abraçados.
Obrigado a vencer, o técnico Rogério Micale configurou o Brasil no sistema tático-4-2-4. No meio de campo, o brasiliense Felipe Anderson perdeu a posição para o atacante Luan. Suspenso, o volante Thiago Maia deu lugar ao baiano Walace. Retrancada, a Dinamarca se posicionava no 4-4-1-1 à espera de um contra-ataque.
O zagueiro Rodrigo Caio desperdiçou a primeira chance do Brasil ao finalizar depois de uma cobrança de falta de Neymar. Depois, foi a vez de Neymar encontrar Gabriel Jesus livre na esquerda. O atacante chutou de perna direita para fora, desperdiçando o terceiro gol incrível em três jogos nas Olimpíadas. Havia falhado diante da África do Sul e do Iraque.
Gabriel Jesus falhou, mas o xará dele, não. Aos 26 minutos, Douglas Santos avançou pela esquerda e cruzou rasteiro. Luan não conseguiu finalizar, mas o atento Gabriel Barbosa, o Gabigol, apareceu para desviar a bola para o fundo da rede e tirar a urucubaca. Das 16 seleções participantes do torneio de futebol, o Brasil foi o último a balançar a rede. Demorou 206 minutos para acontecer. Na comemoração, o menino da Vila deu um abraço apertado no técnico baiano Rogério Micale, que festejou como criança no banco.
Aliviado, o Brasil partiu em busca do segundo gol. Poderia ter saído dos pés de Gabigol novamente, se não fosse a bela defesa de Höjberg. Ou em um contra-ataque eletrizante. Luan iniciou a arrancada e acionou Gabigol na direita. O camisa 9 disparou, conduziu a bola para o meio e inverteu para Neymar. O camisa 10 fez o corta-luz e deixou para Gabriel Jesus. O menino vendido por R$ 121 milhões ao Manchester City errou de novo.
Cansado de errar, Gabriel Jesus finalmente calibrou o pé aos 40 minutos. Luan tabelou com Gabigol pela direita e cruzou. De sem pulo, em um lance muito parecido com o gol de Romário nas quartas de final na Copa de 1994, o camisa 11 estufou a rede e saiu para celebrar chutando a bandeirinha de escanteio. Em êxtase, a torcida baiana começou a cantar “o campeão voltou”, mesmo sabendo que o Brasil busca o inédito ouro. Satisfeita com os gols e com bom futebol, a torcida ovacionou o time na saída para o intervalo.
O Brasil continuou dono do jogo no segundo tempo. Aos dois, Neymar deixou Luan na cara do gol. O menino do Grêmio buscou o ângulo e quase marcou. Recuado, Neymar deu outra chance ao camisa 7. Acionou Douglas Santos na esquerda e o lateral serviu Luan, que só teve o trabalho de empurrar para a rede da Dinamarca e fazer 3 x 0.
O quarto era questão de tempo. Surgiu novamente dos pés de Gabigol. Neymar recebeu a bola no meio e deu um passe fantástico para Gabriel Jesus. O camisa 11 invadiu a área e cruzou. A bola desvia na defesa e chegou limpinha para Gabigol, que bateu cruzado para marcar o segundo no jogo, o quarto do Brasil.
Em noite inspirada, Neymar tentou o dele. O excesso de vontade chegou a dar um susto na torcida em um lance que o capitão e camisa 10 parecia ter torcido o tornozelo. O craque levantou-se e voltou ao campo caminhando lentamente. Não balançou a rede, mas fez o que a torcida gosta. Driblou, deu lençol e não ouviu gritos de “Marta”. Saiu de campo ao som do próprio nome.
Ficha técnica
Dinamarca 0
Höjberg;
Gregor, Maxsö, Eddi Gomes e Blaabjerg
Jönsson, Desler (Kasper Larsen) e Bösting (Nielsen)
Vibe, Brock-Madsen (Skov) e Jacob Larsen
Técnico: Niels Frederiksen
Brasil 4
Weverton;
Zeca (William), Marquinhos (Luan Garcia), Rodrigo Caio e Douglas Santos
Walace e Renato Augusto
Gabriel Barbosa, Neymar Luan e Gabriel Jesus
Técnico: Rogério Micale
Gols: Gabigol (2), Gabriel Jesus e Luan
Cartões amarelos: Gabriel Jesus e Maxsö
Público e renda: não divulgados
Árbitro: Alireza Faghani (Irã)
Quartas de final
13/8 – Sábado
Brasil x Colômbia
22h – Arena Corinthians (São Paulo)
Coreia do Sul x Honduras
19h – Mineirão (Belo Horizonte)
Nigéria x Dinamarca
16h – Arena Fonte Nova (Salvador)
Portugal x Alemanha
13h – Mané Garrincha (Brasília)
O próximo adversário
A Colômbia se classificou para os Jogos Olímpicos na repescagem, ao derrotar os Estados Unidos. Em vez de usar jogadores vice-campeões do Sul-Americano Sub-20 de 2015, montou uma time experiente. Ao menos três jogadores do time comandado pelo ex-jogador Restrepo são muito perigosos: o artilheiro Téo Gutiérrez, eleito melhor jogador das Américas em 2014, Miguel Borja, campeão da Libertadores deste ano pelo Atlético Nacional, e Pabón, com passagem pelo São Paulo. Olho também em Sebastián Pérez e em Kevin Balanta.
Melhor desempenho: quartas de final, Rio-2016
Campanha na fase de grupos
Suécia 2 x 2 Colômbia
Japão 2 x 2 Colômbia
Por CB nas Olimpíadas