Os sucessivos aumentos no preço dos combustíveis pesou no orçamento familiar do brasiliense. Com a gasolina custando, em média, R$ 4,96 e o álcool R$ 3,72 no Distrito Federal, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), tem muita gente deixando de andar de carro e procurando novas alternativas para chegar ao trabalho.
Na segunda-feira, a Petrobras anunciou nova tabela de preço para gasolina e diesel, com aumento de R$ 0,168 e R$ 0,124 — respectivamente. No entanto, nesta quinta-feira, o presidente do Sindicombustíveis-DF, Paulo Tavares, informou que, na próxima terça-feira, haverá mais um aumento, de R$ 0,10, referente ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
“São R$ 0,51 de aumento já neste ano. Baseado no preço médio de dezembro, que era de R$ 4,66, são 11% de aumento somente em 2021 — quase três vezes a inflação total do ano passado”, afirmou Tavares.
O presidente do Sindicombustíveis explica que o aumento constante da gasolina está relacionado com a política de preços da Petrobras, que foi implantada em 2017, no governo do Michel Temer, onde o mercado internacional influencia no preço do barril de petróleo. Além disso, ele cita, também, que esta variação tem relação com a situação fiscal do Brasil, que vem “forçando o dólar para cima”.
A estudante de gastronomia Mayara César de Souza, de 45 anos, conta que tem um carro em casa, mas aderiu ao transporte coletivo há seis meses para não gastar dinheiro com gasolina. “Ando de ônibus, apesar de o transporte não ser de qualidade. Mas, é mais acessível do que vir de carro devido ao preço dos combustíveis”, conta.
Ela conta que gastava por mês R$ 380 com combustível, e com passagem no transporte público desembolsa R$ 160. “Agora, sobra dinheiro para comprar livros, fazer um lanche ou pagar a internet. Foi uma opção que, para mim, ficou mais viável”, relata Mayara.
A aposentada Sueli Miranda, de 55 anos, vende roupas pelas redes sociais e, na maioria das vezes, tem de se deslocar para fazer as entregas aos clientes. No entanto, após o aumento dos combustíveis, ela teve de optar por agendar os consumidores para o mesmo dia.“Antes, eu enchia o tanque do meu carro e gastava, em média, R$ 190. Ontem, já paguei R$ 220”, reclama. Sueli conta que prefere atender os clientes em cidades próximas a sua residência, como Águas Claras, Guará e Asa Sul.
De acordo com o presidente do Sindicombustíveis, houve queda de 30% no volume de vendas nos postos de gasolina do DF. Ele explica que diante da pandemia do novo coronavírus, o Plano Piloto ficou “parado” por causa do home office nas empresas. “Uma grande parcela da população mora nas cidades satélites e vem para o centro trabalhar, mas, com o home office, a queda nas vendas de combustíveis foi muito grande”, afirmou Tavares.
Transporte alternativo
Com a alta nos combustíveis, muitas pessoas também recorrem ao transporte clandestino na capital. Segundo levantamento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), a corporação registrou 1.744 casos de transporte irregular no ano passado, em meio à pandemia.
Segundo a PMDF, o uso alternativo desses veículos pode trazer riscos nas condições de segurança, higiene e conforto. De acordo com a corporação, não há punição para as pessoas que utilizam o transporte clandestino. Já o condutor, recebe infração de sete pontos na carteira de motorista, multa de R$ 293,47 e remoção do veículo.
Por Correio Braziliense
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