A conduta do promotor de Justiça que chamou uma advogada de “feia” durante um júri será apurada pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Douglas Chegury disse que agiu em um momento de “alta adrenalina”. Já Marília Brambilla disse que foi ofendida com algo que não tem a ver com o processo.
A decisão de apurar a conduta do promotor foi do corregedor nacional Ângelo Fabiano Farias da Costa e divulgada pelo CNMP no último dia 23 de março, um dia após a situação, que aconteceu durante uma sessão de Tribunal do Júri na Comarca de Alto Paraíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal (DF).
De acordo com o CNMP, o corregedor entende que o fato “caracteriza, em tese, a prática de conduta ofensiva e misógina e de possível infração disciplinar decorrente de descumprimento de dever funcional”. Por isso, determinou a instauração de uma reclamação disciplinar para apurar conduta de Chegury.
Farias da Costa determinou ainda que o promotor de Justiça preste informações sobre o ocorrido no prazo de dez dias úteis. Além disso, notificou a Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado do Goiás (MPGO) para que encaminhe a gravação do júri e a ficha funcional disciplinar de Chegury.
O g1 questionou o CNMP se o promotor de Justiça será afastado das funções durante a reclamação disciplinar, porém, o Conselho disse medidas serão tomadas somente após a apuração disciplicar. O Ministério Público de Goiás afirma que “os fatos são apurados pelos órgãos disciplinares competentes”.
Versão de Chegury
O promotor de justiça Douglas Chegury admitiu ter chamado a advogada de“feia” durante a sessão e disse que agiu em um momento de “alta adrenalina”. Ele afirmou ainda e que a advogada estava tumultuando a sessão para anular o julgamento e evitar que os clientes dela fossem condenados.
“Ela foi percebendo que o resultado do julgamento não era o desejado. Certamente os clientes iam ser condenados. Ela sentou próximo de onde eu estava e fez o gesto com a boca de quem tá mandando beijo. (…) Naquele momento da provocação e o clima dentro do plenário de júri era de adrenalina no topo. Então, realmente, chamei ela de feia”, justificou o promotor.
Versão de Brambilla
Em entrevista à TV Anhanguera, a advogada Marília Gabriela Gil Brambilla disse que a discussão que estava acontecendo era técnica e que o promotor a ofendeu com algo que não tinha nada a ver com o processo. Também disse que nunca aconteceu nada parecido com ela em 22 anos de carreira.
“Eu fiquei realmente perplexa com o que houve, porque a questão que estava sendo discutida era técnica, não cabia naquele momento o que foi dito, da forma com que foi dito”, lamentou.