Mesmo a 10 quilômetros de distância do local da explosão, impacto quebrou vidros e derrubou objetos na casa de Karla Rizk Jaalouk; governo ainda investiga causas do acidente
Da varanda de casa, a brasileira Karla Rizk Jaalouk, 55 anos, viu a coluna de fumaça que tomou conta da zona portuária de Beirute após a explosão de um depósito nesta terça-feira, 4. Mesmo localizada a quase 10 quilômetros do local do acidente, a casa que mora junto do marido e dos três filhos foi tomada pelo susto da explosão. O impacto foi tão forte que a mulher pensou que fosse um terremoto. “Todo mundo ficou em estado de choque. A explosão quebrou vidros dentro de casa, as prateleiras caíram, tudo começou a sair do lugar. Em 22 anos morando no Líbano, nunca senti medo como hoje”, afirma.
A mulher conta que soube que se tratava de um acidente na zona portuária só depois de assistir ao noticiário na televisão. A primeira reação foi se esconder dentro de casa, e depois buscar notícias de amigos e parentes que moram próximo ao local do acidente. “Tivemos muitas dificuldades para conversar com as pessoas, as ligações caíam toda hora”, relata.
Karla é presidente do grupo Amizade Brasil no Oriente Médio, que concentra parte da comunidade brasileira nos países árabes. Segundo a brasileira, atualmente são 12 mil brasileiros no Líbano. Ela conta que alguns estavam feridos, mas sem gravidade. “A comunidade brasileira está sendo muito solidária. Todos estão abrindo as portas para abrigar amigos e familiares”, afirma.
Situação agrava quadro crítico do país, diz biomédica brasileira
O acidente desta terça-feira irá agravar ainda mais a já delicada situação do país árabe, afirma a biomédica brasileira Angela Ghoussein. “O Líbano é um país com muitas complicações política financeira. Difícil prever [as consequências], pois o porto de Beirute, local mais afetado, é de onde entram todas os nossas mercadorias, combustível para a sobrevivência do país. Isso irá causar um grande transtorno”, diz ela, que mora há mais de duas décadas no país. Assim como outros moradores da região, ela pensou que o tremor fosse um terremoto, e também descobriu pela televisão a explosão do depósito. “Como aqui é um país instável politicamente, pensei em bomba. Mas depois ficamos em dúvida pois não tínhamos uma informação certa. Tudo muito confuso. E ainda está”, afirma.
Autoridades investigam origem do acidente
Segundo o ministro da Saúde libanês, Hamad Hassan, dezenas de pessoas morreram e ao menos 4 mil ficaram feridas na explosão desta terça-feira. As autoridades ainda não afirmaram a origem do acidente, mas o presidente do Líbano, Michel Aoun, atribuiu a explosão a um armazenamento de 2.750 toneladas de nitrato de amônio guardadas por seis anos sem a segurança necessária. Vídeos registrados nas redes sociais mostram uma longa cortina de fumaça e barulho de destruição. Prédios e construções foram afetadas severamente. Em algumas das publicações, é possível ver a destruição dentro de alguns desses locais.
O Ministério das Relações Exteriores informou por meio de nota nesta terça-feira que “acompanha com atenção” a situação. Segundo o ministério, não há relatos de cidadãos brasileiros mortos ou gravemente feridos. “O Itamaraty seguirá acompanhando a situação por meio da Embaixada do Brasil em Beirute, em coordenação com a Divisão de Assistência Consular (DAC) em Brasília”, diz a pasta. O número de telefone disponível para informações sobre brasileiros no país é +961 70108374.
Por JP notícias