Antes do fim da aplicação do Enem 2023, já circulam em grupos de WhatsApp fotos da prova completa. O portal O Globo comparou as fotos e constatou que são idênticas à do caderno oficial. De acordo com o Inep, as informações iniciais são de que as imagens foram divulgadas depois do início da prova e que acionou a Polícia Federal para investigar o que aconteceu.
A PF também investiga a circulação de uma imagem da proposta de redação. É possível que sejam dois casos diferentes, já que a suposta prova completa é do caderno rosa e o primeiro caso é do branco.
Os portões do Enem fecharam às 13h e, às 13h30, começou a prova. Os alunos começaram a sair às 15h30, mas sem o conteúdo do exame.
Isso só é possível para os que deixam os locais de prova a partir das 18h30. Às 15h30, O Globo já havia recebido imagens de todas as páginas da prova e, ao fim do dia, teve acesso ao caderno de questões oficial de um candidato que tinha acabado de sair do local de aplicação. Assim, foi possível verificar que os dois cadernos de questões eram idênticos.
Professores que todo ano acompanham o Enem afirmam que é a primeira vez que fotos de uma prova completa circulam antes do momento em que os candidatos podem sair com o caderno de questões.
Em 2019, um aplicador de provas vazou a foto de uma página também da redação. Na época, segundo o então ministro, Abraham Weintraub, não houve dano nenhum por conta do vazamento.
— Ninguém foi lesado. Mas houve a tentativa de macular, colocar em xeque. Foi um péssimo profissional. Mexe coma vida de cinco milhões de famílias. A gente vai localizar — afirmou, à época.
O caso mais grave de vazamento aconteceu em 2009. Naquele ano, o Ministério da Educação foi obrigado a a cancelar a prova e a remarcar o exame com dois meses de atraso após ser totalmente refeito. Parte das universidades que usariam o resultado nos processos seletivos desistiram de contar com a nota. Envolvidos no vazamento foram indiciados.
De acordo com o Inep, a informação inicial é de que as imagens passaram a circular depois do início da aplicação, o que, a princípio, não configuraria danos à lisura do exame.
Agência O Globo