Economistas já falam em queda do PIB para 2022 e aceleram estimativas de inflação; taxa de juros aumenta
A turbulência política que o país atravessa gerou efeitos negativos na economia real: o aumento na taxa de juros, a queda na expectativa de crescimento do país, o patinar na aprovação de reformas pelo Congresso e a inviabilização do Orçamento de 2022 são alguns dos focos de incerteza apontados por economistas.
Apuração de matéria publicada pelo Uol revelou que a desvalorização do real frente ao dólar não tem perspectiva de recrudescimento. Em parte, o fato se deve à sequência de eventos desencadeada por manifestações do 7 de setembro, como a crise de abastecimento devido à paralisação de caminhoneiros. Outros fatores estão ligados a crise fiscal, sanitária, energética e à falta de alguns insumos provocada pela pandemia de Covid-19.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chamou de “looping negativo”. Na sexta, o próprio Bolsonaro admitiu que suas falas vinham tendo efeito no câmbio. “Se o dólar dispara, influencia o combustível”, disse. O dólar impacta a população, já que o consumo doméstico de alimentos concorre com as exportações, e, embora o Brasil seja um dos maiores produtores de soja e carne do mundo, a alta no preço desses produtos no mercado externo leva os agricultores e pecuaristas a preferir clientes que pagam na moeda estrangeira.
Pelo menos metade da inflação de 2021 é determinada por componentes energéticos: energia elétrica, gás encanado ou em botijão e combustíveis. Muitos são puxados pelo dólar, mas também, no caso da eletricidade, pela crise hídrica que ameaça o abastecimento e levou o governo a instituir uma cobrança adicional. E a energia afeta outros produtos ou serviços.
Para uma trégua nesse ambiente, ela recomenda a votação da PEC dos precatórios, com parcelamentos das dívidas judiciais, e a definição do novo Bolsa Família, de forma a reduzir as incertezas sobre as contas públicas do País. Mas a economista reconhece que nenhum alívio durará muito tempo.
Com as seguidas revisões das projeções para cerca de 1,5%, os economistas já falam na possibilidade de queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 e aceleram estimativas para a inflação, o que poder forçar o BC a pesar a mão nos juros, afetando ainda mais a economia. O cenário pode ser agravado por um eventual racionamento de energia.
Por JO