Polícia usou gás de pimenta e bombas de efeito moral contra a multidão, que derrubou barreiras de proteção; manifestantes entram em plenário do Senado
Um grupo de manifestantes pró-Trump invadiu o prédio do Congresso, onde ocorria a sessão que deve confirmar a vitória de Joe Biden na eleição presidencial de novembro. A sessão foi suspensa, e o vice-presidente Mike Pence, que comandava o ato, foi levado para um local seguro.
— Isso foi o que vocês conseguiram caras! — disse o senador Mitt Romney ao deixar o plenário, aparentemente se dirigindo aos colegas que apoiaram a tentativa de Trump de derrubar os resultados do Colégio Eleitoral, segundo o New York Times.
Segundo testemunhas, há manifestantes armados dentro do prédio, e alguns deles tentam invadir o plenário da Câmara, onde ainda estão alguns deputados. A polícia está no local e tenta retirá-los para um local mais seguro.
Diante da situação, a prefeitura de Washington decretou um toque de recolher em toda a capital americana, válido entre as 18h (20h de Brasília) até as 6 da manhã de quinta-feira (8 da manhã pelo horário de Brasília). Apenas pessoas designadas pela prefeitura, incluindo jornalistas credenciados e trabalhadores de serviços essenciais poderão circular nesses horários.
O protesto foi convocado pelas redes sociais, e tenta pressionar os republicanos para que apoiem a iniciativa do presidente para derrubar os resultados do Colégio Eleitoral, algo que nao tem previsão legal no país. No momento, o ato é acompanhado por milhares de pessoas. A polícia de Washington esta dentro do Capitólio neste momento. Segundo a CNN, a polícia legislativa pediu reforços para consegir controlar a situaçao.
O grupo derrubou barreiras de proteção instaladas ao redor do Capitólio, e entrou em confronto com a polícia, que usou spray de pimenta para tentar dispersar a multidão. Funcionários do Congresso, além de jornalistas, foram levados para locais mais seguros. Alguns ja receberam permissão para retornar aos seus gabinetes, mas o prédio esta isolado. Segundo jornalistas no local, partes do palco que será usado na posse de Biden, no dia 20 de janeiro, foram danificadas. A instalação fica diante do Capitólio.
Antes da suspensão, o vice-presidente Mike Pence havia declarado que não impediria a confirmação da vitória de Biden, como queria Trump.
“Os fundadores de nosso país eram profundamente céticos quanto a concentrações de poder e criaram uma república baseada na separação de poderes (…). Atribuir ao vice-presidente autoridade unilateral para decidir as disputas presidenciais seria totalmente contrário a esse projeto”, afirmou o vice-presidente, em carta publicada antes da sessão.
Já Mitch McConnell, líder da maioria no Senado, fez um discurso veemente a favor da oficialização da vitória de Biden, dizendo que, se os republicanos a rejeitarem, irão causar danos irreversíveis à democracia americana.
— Este será o voto mais importante que já dei — disse McConnell. — Não podemos simplesmente nos declarar um conselho eleitoral nacional anabolizado. Os eleitores, os tribunais e os estados todos se manifestaram. Todos se manifestaram. Se rejeitarmos isso, prejudicaremos nossa república para sempre.
Mais cedo, em discurso, Donald Trump defendeu que seus apoiadores se concentrassem diante do Congresso para pressionar deputados e senadores para que atuassem em sua defesa, e prometeu que “estaria junto deles”, sem especificar se vai comparecer ao ato. Na véspera da votação, as autoridades de Washington reforçaram a segurança na cidade, incluindo com o apoio da Guarda Nacional, e alertaram os moradores para que evitassem as concentrações de apoiadores de Trump.
Já em meio à confusão, o presidente Trump fez duas publicações no Twitter: uma atacando o vice, Mike Pence, que se recusou a seguir suas ordens e derrubar os votos do Colégio Eleitoral (“Mike Pence não teve a coragem de fazer o que deveria ser feito e proteger nosso país e Constituição”) , e uma segunda na qual pediu, de forma tímida, que seus apoiadores agissem de forma pacífica. Em nenhum momento, contudo, condenou a invasão do Congresso.
Agência o Globlo