Peixes apareceram mortos no rio dias antes dos moradores procurarem atendimento médico com sintomas de contaminação
Uma decisão judicial determinou que a mineradora Maracá arque com os custos dos exames de moradores de Campos Verdes após um laudo comprovar que dejetos perigosos contaminaram o Rio dos Bois, cuja águas abastece a cidade da região norte de Goiás. Ao todo, 1.526 exames devem ser realizados por moradores que apresentaram fortes dores de cabeça, febre e doenças gastrointestinais. A mineradora nega as acusações e afirma que irá recorrer.
“A saúde dos moradores do município está em risco, conforme documentos, relatórios médicos e estudos técnicos realizados pela Saneago na água que abastece o município”, concluiu o juiz Alex Alves Lessa.
Na decisão, publicada em junho de 2022, o magistrado explica que os exames servirão para verificar os níveis de metais pesados no organismo dos moradores cadastrados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade, já que foi constatado que resíduos tóxicos, como fósforo, zinco, cobre, cádmio, ferro, alumínio e manganês foram despejados no Rio dos Bois.
Dias antes dos moradores procurarem atendimento médico, peixes apareceram mortos no rio.
A Prefeitura de Campos Verdes acredita que a mineração na cidade de Alto Horizonte, cidade vizinha, causou a contaminação e entrou com a ação judicial. Segundo o processo, a Saneago suspendeu a captação de água no Rio dos Bois e usa poços artesanais para abastecer a cidade.
Mineradora nega as acusações
A mineradora Maracá confirma que recebeu a notificação da ação, mas afirma que irá recorrer por não concordar com as alegações de impactos ambientais e à saúde.
Confira a nota na íntegra:
“No início de julho de 2022, a Mineração Maracá Indústria e Comércio S/A, proprietária e operadora da mina de cobre-ouro Chapada (a “Companhia”), foi notificada de ação movida pela Prefeitura de Campos Verde alegando impactos ambientais e à saúde sobre a comunidade e seus moradores. Campos Verde está localizado a aproximadamente 50 km da mina da Chapada. A Companhia rejeita as alegações de impactos ambientais e à saúde e se defenderá judicialmente.
A Empresa também está fornecendo informações adicionais publicamente disponíveis sobre suas operações ao Município, pois muitas das alegações feitas parecem ser baseadas em um mal-entendido ou má caracterização das atividades e infraestrutura da Empresa, todas as quais estão devidamente licenciadas e são regularmente inspecionadas pelas autoridades estaduais e federais.
A empresa reitera seu profundo compromisso com práticas de mineração responsáveis em conformidade com todas as leis e regulamentos aplicáveis e está focada na gestão ambiental da água, ar, terra e biodiversidade nas proximidades da mina de Chapada”
*Jeice Oliveira compõe programa de estágio do Mais Goiás sob supervisão de Alexandre Bittencourt
