Corpo do menino Jorginho, de 9 anos, foi encontrado em um matagal no Residencial Nunes de Morais, em Goiânia
Renato Carvalho Lima, padastro de Antônyo Jorge Ferreira da Silva, o “Jorginho”, de 9 anos, reafirmou ao juiz que asfixiou o garoto a pedido da mãe, Jeannie da Silva, em audiência realizada a portas fechadas no Fórum de Goiânia nesta terça-feira (5).
O depoimento do casal durou cerca de duas horas. Outras testemunhas também foram ouvidas. Jeannie disse que foi enganada por Renato e que o homem matou Jorginho por não aceitar o término de relacionamento entre os dois.
Homicídio
Consta na denúncia que Jeannie iniciou um relacionamento amoroso com Renato no início deste ano e, em maio, passaram a morar juntos na casa dela, na Vila Luciana, em Goiânia. No dia 19 do mês passado, a mãe de Antônyo o deixou trancado sozinho em casa para ir trabalhar. Estando com as chaves do portão, Renato, então, entrou no quintal da casa.
Ao perceber que a porta da sala estava trancada, foi em busca de um chaveiro, o que possibilitou sua entrada na residência. O padrasto perguntou se a criança estava com fome e, diante da resposta afirmativa, a levou para a casa sua mãe, no Residencial Nunes de Morais.
Lá, amarrou o garoto, simulando uma brincadeira, até que ele não conseguiu se liberar mais dos nós. Nesse momento, o denunciado aplicou um golpe do tipo “mata leão” e a vítima se esmoreceu, levando Renato a pensar que estava morto.
A criança, no entanto, voltou a respirar e a chorar e, mais uma vez, o padrasto repetiu o movimento, desta vez mais forte. Com a ajuda de um pano, ele estrangulou Antônyo e, em seguida, pisou nas suas costas. Com um golpe de cinto, terminou o estrangulamento, puxando o pescoço da criança para trás.
O promotor de Justiça sustenta que Renato foi coautor do homicídio, realizando os atos executórios sozinhos. Estes, entretanto, foram idealizados por Jeannie, que pediu a ajuda do companheiro para sua concretização.
Ocultação de cadáver
Após o homicídio, Renato, em comunhão de vontade com Jeannie, ocultou o cadáver da criança. Ele o depositou dentro de uma caixa de papelão em um dos cômodos de uma retífica, no térreo, da casa onde ele morava com a mãe, local do homicídio.
Na manhã seguinte ao crime, antes da chegada dos funcionários, Renato resolveu tirar a caixa com o corpo, jogando-a em um lote baldio, ao lado de uma mata, no Residencial Nunes. Para isso, ele contou com a ajuda de um dos funcionários da retífica, que chegou no local no momento em que Renato tentava erguer o pacote. O funcionário, sem saber o que havia dentro da caixa, acabou ajudando a estabilizar o embrulho em suas costas.
Comunicação falsa de crime
No dia 21 de maio, ou seja, dois dias depois do homicídio, o casal foi até a Central de Flagrante e Pronto Atendimento ao Cidadão, em Goiânia. Com o objetivo de se livrarem da atuação policial e da possível responsabilização pelo crime, apresentaram versão falsa para os fatos, comunicando o crime de extorsão mediante sequestro, que sabiam que não havia acontecido.
Na versão dos denunciados, Renato estaria voltando para a casa de Antônyo, por volta das 18h30, momento em que quatro homens, num carro prata, teriam tomado de seu poder o filho de Jeanne. Na ocasião, teriam dito que somente o devolveriam depois que Renato quitasse uma dívida de R$ R$ 1.600,00. Segundo o casal, eles teriam conseguido levantar parte do dinheiro exigido, mas os sequestradores não teriam mais entrado em contato.
A dupla também afirmou que não comunicou o fato à polícia naquele mesmo dia porque os sequestradores teriam dito que matariam a criança caso isso acontecesse. Jeannie contou que um homem havia emprestado dinheiro a Renato, descrevendo suas características físicas, suas roupas e até o endereço da negociação.
O companheiro de Jeannie, no entanto, embora insistisse na versão apresentada, não sabia sequer responder a quem devia dinheiro.
Mais Goiás (Informações G1)