Abatido, Sérgio Moro deixa o cargo do Ministério da Justiça e da Segurança Pública nesta sexta-feira (24/04). A saída do ministro teve como pano de fundo a demissão de Maurício Valeixo, diretor da Polícia Federal. Moro lembrou que o presidente Jair Bolsonaro deu a ele carta branca para nomear a sua equipe. Porém, Moro disse nesta sexta-feira (24/04) que o presidente disse que tinha a intenção de trocar os cargos chefes da Polícia Federal.
Segundo ele, o presidente começou a querer trocar cargo da direção da PF no segundo semestre do ano passado. Ele disse que deu autonomia para escolher os superintendentes. “A única pessoa que indiquei foi o Valeixo. O problema são as indicações políticas”, disse ele.
Moro afirmou que não teria problema em trocar o diretor-geral da PF se houvesse uma causa como um erro grave, por exemplo. “O que eu vi foi um trabalho bem feito”, disse ele.
Moro disse que ontem (23/04), Bolsonaro disse que trocaria Valeixo.
E eu disse que seria uma interferência política na Polícia Federal e o presidente disse que sim. O presidente me disse que gostaria de ter alguém que ele pudesse ligar, pedir relatório e ter informações das investigações. Esse não é o papel da PF. A autonomia da PF é um valor fundamental que temos de preservar dentro de um estado de direito. Imagine se na Lavo Jato a Dilma ligasse pedindo informações sobre as investigações
Sergio Moro, ministro da Justiça e da Segurança Pública
Moro disse que tem o dever moral de defender a Polícia Federal. Disse que ficou sabendo da exoneração de Valeixo não foi comunicada a ele. “Não assinei essa demissão”, disse o ministro.
O que está claro é que o presidente me quer fora do cargo. Há uma questão envolvida da minha biografia como juiz relativo à lei e a defesa do estado de direito. Tenho que preservar o compromisso de combater a corrupção e a autonomia da PF contra interferências políticas”
Moro também falou sobre a conversa com o então presidente eleito Jair Bolsonaro no dia 1º de novembro de 2018, quando ele pediu autonomia para o combate à corrupção, ao crime organizado e a violência. “Pedi carta branca para nomear todos os assessores.
O ministro fez ainda um balanço da sua gestão mostrando que houve quedas em dados violentos como o fato de que mais de 10 mil brasileiros deixaram de ser assassinados.
“Tive apoio do presidente nestes projetos, outros nem tanto”, disse ele.
STF
Sergio Moro disse que nunca condiciou a aceitação do cargo a uma vaga de ministro no STF (Supremo Tribunal Federal).
Pensão
Ele revelou que a única condição que colocou para aceitar o cargo foi o governo garantir uma pensão à sua família, caso ele fosse demitido.
“Como abandonei a magistratura e tive que abrir mão de 22 anos de contribuição à previdência, pedi que se algo me acontecesse pedi uma pensão para que a minha família não ficasse desamparada”, disse ele.
Futuro
Ele disse que vai descansar um pouco e que vai procurar um emprego. “Vou começar a empacotar as minhas coisas. Não enriqueci e sempre estarei à disposição do país para ajudar no que for preciso”
Por Rose Guglielminetti