“Viadinho”: servidor acusa prefeito de Nazário de agressão física e homofobia

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Guilherme Fedrigo relata ter sido agredido fisicamente por João Batista, que o empurrou, enforcou, deu um soco no peito e ainda o ofendeu por sua orientação sexual

Um boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil de Nazário, em Goiás, relata um incidente ocorrido na prefeitura municipal envolvendo o prefeito João Batista de Carvalho e Guilherme Fedrigo, cirurgião dentista e servidor efetivo do município. Guilherme relata ter sido agredido fisicamente por João Batista, que o empurrou, enforcou, deu um soco no peito e ainda o chamou de “viadinho”. Não é a primeira vez que o prefeito é denunciado por agressão. Em outra ocasião, a vereadora Beatriz Fernandes de Carvalho, enquanto presidente da Câmara Municipal, relatou ter sido chamada de “vagabunda” durante sessão e agredida verbalmente em inúmeras situações por João Batista.

Segundo o relato do dentista, ele foi à prefeitura para discutir questões relacionadas ao seu trabalho na área da saúde e alegou dificuldades para obter a liberação de exames para um paciente. Ao tentar resolver o problema, conforme o profissional, encontrou resistência por parte da Secretaria de Saúde. Diante da situação, ele conta ter decidido buscar ajuda diretamente com o prefeito.

Contudo, ao abordar João Batista, Guilherme diz ter sido surpreendido com ofensas e agressões físicas. O dentista relata que o prefeito o agrediu verbalmente com termos pejorativos e, em seguida, o empurrou contra a parede, desferindo-lhe um soco no peito e causando uma lesão no pescoço. Durante o tumulto, a esposa do prefeito, primeira-dama de Nazário, teria intervido para separar a briga.

“Ele pegou no meu braço forte, me deu um murro no peito e me enforcou pelo pescoço. A primeira-dama estava na sala ao lado, ouviu tudo e entrou no meio para tirar ele de cima de mim. Nesse momento, quando ela foi separar, nervoso e desequilibrado do jeito que ele estava, acabou agredindo ela também. Ele a empurrou, pegou pelo braço e machucou ela”.

Após o ocorrido, o prefeito e seu segurança teriam forçado o dentista a deixar o local. Guilherme afirmou que não esperava que a situação chegasse a esse ponto e que não possuía testemunhas do incidente, tendo reportado os fatos posteriormente ao Conselho Regional de Odontologia (CRO) e à Polícia Civil.

Após o ocorrido, o prefeito e a primeira-dama também compareceram à delegacia de polícia, assim como Guilherme, que fez exame de corpo e delito e registrou um boletim de ocorrência contra o prefeito.

O que diz a Prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Nazário disse repudiar “veementemente qualquer forma de violência, desacato ou comportamento desrespeitoso, especialmente quando direcionados às mulheres”, e que “solidarizam com as vítimas”.

Na nota, a Prefeitura acusa Guilherme de “demonstrar um comportamento extremamente alterado, proferindo palavras hostis e agindo de forma violenta contra a nossa colaboradora”, se referindo a uma servidora da Secretaria da Saúde, e que a agressão do prefeito contra o dentista foi uma “intervenção decisiva” que “teve como objetivo primordial a defesa e proteção da sua esposa diante da injusta agressão perpetrada pelo servidor Sr. Guilherme”.

“O ato do Sr. João Batista foi realizado em um contexto de legítima defesa e em resposta a uma situação de grave agressão, evidenciando sua preocupação e comprometimento com o bem-estar e a segurança da sua esposa”, alega a nota.

“Diante desses lamentáveis acontecimentos, a administração municipal reafirma seu compromisso inabalável com a igualdade de gênero e a proteção dos direitos das mulheres. Além disso, será instaurado um procedimento administrativo para apurar detalhadamente a conduta do servidor envolvido e tomar as medidas disciplinares cabíveis, conforme previsto em nossa legislação interna e nos princípios éticos que regem o serviço público.”

“Reiteramos nosso compromisso com a integridade física, emocional e profissional de todas as nossas colaboradoras, bem como com a construção de um ambiente de trabalho pautado pelo respeito, pela igualdade de gênero e pela promoção da cultura de paz”, finaliza.

Outro caso de agressão

A presidente da Câmara Municipal, Beatriz Fernandes de Carvalho, denunciou o prefeito de Nazário, João Batista de Carvalho, por violência física e psicológica. Anteriormente, ela contou ao Jornal Opção que, por ser da oposição, sempre sofreu perseguição política. “Desde quando eu assumi a Câmara de Vereadores, como presidente, isso se agravou. E aí, em determinados momentos, ele me xingava de mentirosa, de vagabunda (…) Dentro da sessão na Câmara eu fui chamada de vagabunda tanto pelo prefeito quanto pelo irmão dele”, conta. A Polícia Civil de Goiás (PCGO) registrou uma medida protetiva e investiga o caso.

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