Presidente da empresa é alvo da Operação Greenfield, que apura desvios em fundos de pensão. Irmão do empresário, Joesley Batista, também tem mandado de condução coercitiva
O presidente da JBS e sócio da holding J&F, Wesley Batista, e o empresário Walter Torre Junior, fundador e CEO da Wtorre, foram conduzidos coercitivamente à sede da Polícia Federal em São Paulo nesta segunda-feira (5), segundo fontes. A ação é parte da Operação Greenfield, que apura desvios em fundos de pensão.
A Polícia Federal cumpre ainda mandados de busca e apreensão na sede da holding J&F controladora da JBS, em São Paulo. Segundo a assessoria de imprensa da JBS, as buscas são direcionadas à empresa da Eldorado Brasil, de celulose.
Além da Eldorado, a J&F controla ainda a JBS, Alpargatas, Vigor, Banco Original, Oklahoma e Canal Rural. A Operação Greenfield investiga o aporte de fundos de pensão estatais em empresas que ainda não saíram do papel (“greenfield”, na terminologia em inglês).
A Polícia Federal confirmou que também há mandado de condução coercitiva também contra Joesley Batista, presidente da holding J&F, mas que ele está em viagem fora do País desde a semana passada, segundo a assessoria de imprensa da companhia.
Segundo fontes, esses fundos foram investidos na Florestal, empresa que plantava eucaliptos e que foi a antecessora da Eldorado. O aporte desses fundos teria sido de cerca de R$ 550 milhões e hoje essa participação seria equivalente R$ 3 bilhões, sendo que a empresa de celulose da J&F como um todo é avaliada em R$ 13 bilhões.
A Operação Greenfield apura desvios de R$ 8 bilhões nos fundos de pensão Funcef, Petros, Previ e Postalis e determinou o sequestro e o bloqueio de 90 imóveis, 139 automóveis, uma aeronave, além de valores em contas bancárias, cotas e ações de empresas e títulos mobiliários. A ordem judicial é da 10ª Vara Federal, de Brasília, e alcança também bens e ativos de 103 pessoas físicas e jurídicas.
Em julho, a PF já havia feito buscas na Eldorado e também na casa do presidente e sócio da J&F, Joesley Batista. A ação de 1º de julho durou mais de seis horas, como parte da Operação Sépsis fase da Lava Jato.
A Eldorado foi citada na delação premiada do ex-vice presidente da Caixa, Fábio Cleto, que acusou o pagamento de propinas para obtenção de um financiamento de R$ 960 milhões do FI-FGTS. O esquema envolveria o deputado Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, apontado como seu operador. A partir dessa delação, a Polícia Federal deflagrou a Operação Sépsis, que cumpriu mandados de busca e apreensão na companhia e na casa do presidente e sócio da J&F, Joesley Batista.
No dia 16 de agosto, a Eldorado informou a contratação do escritório de advocacia Veirano Advogados e da empresa Ernst & Young para acompanhamento do processo de investigação da Polícia Federal, no âmbito da operação Lava Jato.
O conselho aprovou a contratação em julho deste ano e o presidente da Eldorado, José Carlos Grubisich, comentou ao Broadcast, no dia 16 de agosto, que os trabalhos acontecem de forma independente.
“Contrataram o Veirano, que trabalhou no caso do BTG Pactual, e o escritório contratou a Ernst & Young, que vai olhar o financiamento do FGTS. Foi concluída a contratação há duas semanas e avançam no escopo dos trabalhos”.
A Eldorado ainda não se pronunciou sobre o caso e, segundo fontes, ainda estaria se inteirando das denúncias, já que desta vez, diferentemente do que aconteceu na Lava Jato, a empresa não é o principal foco, mas está incluída em um grupo grande que recebeu aporte dos fundos estatais.
Defesa
A assessoria de imprensa da J&F confirmou que Wesley Batista está na Polícia Federal, mas que foi levado voluntariamente. Já o irmão e presidente da J&F, Joesley Batista, está fora do País desde a semana passada, segundo a assessoria de imprensa.
Em nota, a J&F afirma ainda que a empresa e seus executivos colaboram com as investigações da Polícia Federal e estão à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários.
Por Mais Goiás