A VISÃO DA IGREJA QUANTO A FORMAÇÃO DA LIDERANÇA MONTEBELENSE

Na semana passada o atual presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, publicou o decreto que incluiu as igrejas no quadro de serviços essenciais, dando assim autorização para que elas passem a funcionar durante o período de epidemia. Horas após o decreto, ao ligar o rádio especificamente na estação CBN, pude perceber que ambos os conselhos, de padres e pastores, adotaram uma política de bom senso e estão estabelecendo alguns protocolos de atendimentos aos seus membros.

O decreto emitido pelo governo federal repercutiu de diversas formas, com alguns posicionamentos “prós” e “contras”. Fato é, que a igreja tem um papel fundamental perante toda a sociedade, e em nossa cidade possui um valor ainda mais expressivo. Podemos notar que essa instituição contribui de forma expoente em diversas frentes. É possível citar, a área da ação social, da saúde, infanto-juvenil, da liderança e outros. E este artigo trata especificamente da participação e visão da igreja no processo de formação de líderes.

Pois bem, neste contexto, estive em contato com duas lideranças que pessoalmente tenho profunda admiração. E pude discorrer com eles acerca da visão da igreja no processo de formação de lideranças.

Atualmente, qual a visão da igreja quanto a formação dos líderes (empresários, políticos e outros) MonteBelenses?

A igreja é expressão da vanguarda, e se estudarmos a humanidade desde os seus primórdios, podemos citar José do Egito, que foi o líder que tomou uma decisão capaz de mudar toda a perspectiva do Egito e isso trouxe prosperidade aquela região. A igreja é o lugar onde se deve estabelecer o governo a partir dela. Infelizmente no decorrer dos tempos, ela se tornou passiva com relação a isto, e se dedicou apenas a questões do céu, mas deve-se lembrar que todas as questões do céu envolvem a terra, porque Deus mandou seu filho no plano terreno com objetivo de salvar os humanos por meio do sacrifício dELE. O grande mandamento é ame a Deus e ame ao próximo como a si mesmo. É horizontal e vertical ao mesmo tempo, céus e terra, então ela precisa de fato ter a capacidade e se envolver de forma significativa na formação de líderes.

Qual a importância da igreja na formação desses líderes?

Quando um líder é formado na igreja para servir a comunidade ou a sociedade em geral, ele serve com valores e não para um fim em si mesmo. Quando se forma um líder nesse ambiente, pode-se considerar que seja alguém que recebeu a orientação de Jesus, sendo melhor dar, do que receber.

Por qual motivo a igreja se envolve diretamente na formação destes líderes?

A igreja é esperança do mundo, se ela não brilhar, teremos apenas trevas. Se não temperar, tudo será sem sabor. É a partir da igreja que as coisas se efetivam de maneira igualitária para todas as pessoas, pois ela em todos os momentos se manifesta como ponto de equilíbrio e de sobriedade. Então não pode se omitir, pois não foi chamada para estar na fila, mas para ser a orientação da fila. A igreja não pode viver o ontem ou hoje, ela precisa viver o amanhã. Pois o lugar onde Deus está é no amanhã, e precisamos estar nesse lugar. E quem lidera precisa compreender esta perspectiva, pois a igreja precisa ser a trombeta que direciona, o pináculo onde a bandeira tremula para orientar as pessoas, pois ela é o farol que traz a direção e orientação a todos.

É POSSÍVEL AFIRMAR QUE OS LÍDERES PREPARADOS PELA IGREJA POSSUEM UM DIFERENCIAL?

Os líderes que nascem do ambiente cristão não são chefes ou patrões. Eles nem sempre são pessoas que ocupam algum cargo ou uma função social. O diferencial está no fato que um líder cristão, mesmo que não tenha cargo/função, é aquela pessoa em que todos ‘escutam’ o que ele diz, porque fala com autoridade. Aqui, acredito que chegamos no mais essencial: o que é de fato um líder? Pois, para a Igreja o que de fato faz um líder é a educação da vida em três pilares, a saber: 1) na humildade – capacidade de reconhecer a grandeza do outro e potencializa-lo a descobrir-se e doar-se naquilo que ele é melhor; saber ouvir e aprender com aqueles que estão ao seu serviço; 2) nas Virtudes Cardeais (do coração): a prudência (saber ver a realidade, ter sabedoria prática), a fortaleza (saber ter coragem e perseverança), a temperança (saber controlar/frear as emoções/impulsos) e a justiça (saber dar a cada um o que é seu); 3) E, por fim, na Virtude da Magnanimidade – a capacidade de pensar alto, ter uma grandeza interior. O líder é sempre uma pessoa educada às virtudes e, veja bem, que não estou falando de um proselitismo religioso, mas de virtudes que são inerentes a todo ser humano, que está na nossa formação de caráter. É importante que os atuais líderes detenham princípios cristãos? Os princípios cristãos servem para quem quer ser um bom cristão; aqui estamos falando de caráter, de uma pessoa virtuosa, ou seja, de um bom líder. Logo, não se espera que um líder tenha princípios ou seja identificado como cristão, mas que detenha caráter e seja virtuoso, naquilo que já falamos anteriormente.

O QUE ESPERAR DO LÍDER QUE FORA FORMADO PELA IGREJA FACE À SOCIEDADE?

A Igreja nunca esteve fora da realidade ou do tempo/espaço, porque seus membros estão ativamente ligados a realidade – uma famosa frase: “a Igreja está no mundo, mas não é do mundo” – e uma das suas ocupações é a sociedade em o povo vive; para isso ela já fez valiosas reflexões que podemos encontrar no Compêndio de Doutrina Social da Igreja. Todos nós precisamos desenvolver em nós aquilo que devemos ser na vida – isto é liderança. A Igreja não é um redil que somente oferece sentido e princípios para serem vividos quando se está dentro do “cercadinho”. É preciso ir além das estruturas, além dos templos e suas ações pastorais-missionárias. A igreja quer educar para que todos nós, onde quer que estejamos, sejamos pessoas de autoridade no mundo (repito, que não quer dizer ter poder nas mãos). Pessoas que no trabalho, no lar, nas ruas, na Igreja e outros, sejam guiadas, por exemplo [e aqui pego da Doutrina Social da Igreja]: Pelo princípio do bem comum, onde a responsabilidade deve ser sempre de todos e pelo bem de todos; Que saiba que os bens são sempre universais, isto é, destinados a todos e ninguém deve prescindir de algo que seja elementar para alimentar-se crescer, para comunicar, para associar-se e para poder conseguir as mais altas finalidades a que ela é chamada; Que entenda que a vida se faz em conjunto, na subsidiariedade positiva, onde os maiores devem ajudar os menores; Que sejam pessoas de participação na sociedade, contribuindo para a vida cultural, econômica, política e social da comunidade civil a que pertence– sempre para o bem comum; Que sejam solidárias, promovendo igual dignidade e direito a todos; Que sejam pessoas que promovam os valores essenciais de uma sociedade: a verdade, a liberdade e a justiça.

Conclui-se assim que a igreja possui um papel significativo na formação de pessoas, que embora detenham ou não um cargo ou função social estão sendo preparadas em seu interior para assumirem responsabilidades diversas. E na visão destas autoridades, ela é capaz de influenciar diretamente na formação do caráter, da conduta e na maneira de servir a sociedade. Sendo também responsabilidade da igreja atuar como fator de equilíbrio frente a comunidade.

De fato, a igreja possui um valor inestimável para cada um de nós, e versada sob os princípios cristãos, aprendemos diariamente a sermos pessoas melhores. E como líder de sua casa, de seu trabalho, de 10 ou 100 pessoas entendemos a necessidade de fazer o bem para as pessoas que estão ao nosso redor.