Estudo sul-africano pesquisou proteção dos anticorpos desenvolvidos contra a variante ômicron | Foto: Reprodução/iLexx/Envato Elements
Voluntários infectados pela variante ficaram bem protegidos contra a delta, tida como mais agressiva. Estudo ainda será revisado.
Uma equipe de cientistas da África do Sul analisou amostras de sangue de pacientes que se recuperaram da variante ômicron e fez descobertas interessantes sobre a potência dos anticorpos neutralizantes que foram desenvolvidos. Por exemplo: as pessoas infectadas têm maior resistência contra a variante delta, até aqui considerada mais agressiva que sua “sucessora”.
Publicado na plataforma MedRxiv, o estudo ainda precisa ser revisado por pares. O trabalho foi desenvolvido por pesquisadores de diferentes instituições, como membros da Universidade de KwaZulu-Natal (UKZN) e da Universidade de Stellenbosch. O artigo também conta com a participação do cientista brasileiro Tulio de Oliveira, diretor do Centre for Epidemic Response & Innovation (CERI) e um dos descobridores da ômicron.
A pesquisa englobou 33 voluntários vacinados ou não contra a Covid-19, mas que foram infectados pela ômicron na África do Sul. Segundo os autores, pessoas contaminadas pela nova variante, principalmente as vacinadas, desenvolveram uma imunidade melhorada contra a variante delta.
É o que apontaram os anticorpos coletados, quando testados em laboratório. Só que era esperado, de forma geral, que os anticorpos tivessem uma capacidade de proteção melhorada contra a ômicron e não necessariamente contra outras variantes.
“O aumento da imunidade neutralizante contra a ômicron era esperado — esse é o vírus com o qual esses indivíduos foram infectados. No entanto, também vimos que as mesmas pessoas — especialmente, aquelas que foram vacinadas — desenvolveram imunidade aprimorada à variante delta”, explica Alex Sigal, um dos autores do estudo e membro do Africa Health Research Institute.
“O aumento da [capacidade de] neutralização da variante delta em indivíduos infectados com ômicron pode resultar na diminuição da capacidade da delta em reinfectar esses indivíduos”, afirmam os cientistas no estudo. Ou seja a infecção por ômicron pode induzir uma imunidade que, neutralizando a delta, torna a reinfecção por ela menos provável.
Como a delta é tida como mais patogênica que a ômicron, a descoberta pode ser um bom sinal para a pandemia, caso se confirme. “Nesse caso, a incidência da forma grave da Covid-19 seria reduzida e a infecção pode mudar para se tornar menos prejudicial aos indivíduos e à sociedade”, refletem os pesquisadores no relatório.
De acordo com Sigal, se os dados sobre o menor risco de gravidade da variante ômicron forem confirmados, estes anticorpos podem ajudar a controlar a pandemia do coronavírus. “Se isso for verdade, as complicações que a covid-19 causou em nossas vidas podem diminuir”, afirma.
* Com informações do site MedRxvi