Últimos 4 crimes ocorreram em 48h; segundo a Polícia Civil, maioria dos casos é motivada pelo término da relação. SSP registrou 41 tentativas de feminicídio até agosto.
O número de feminicídios em Goiás em 2018 subiu para 20 no último fim de semana. Em 48h, 4 mulheres foram mortas pelos namorados, maridos ou ex-companheiros no estado (veja vítimas abaixo). De acordo com a Polícia Civil, a maioria dos crimes foi motivada pela intenção das mulheres em se separar ou por ciúmes excessivos dos homens.
Segundo a delegada Cibele Tristão, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, as vítimas de violência doméstica ou qualquer pessoa que presenciar algum tipo de agressão a mulheres devem fazer denúncia pessoalmente ou pelos telefones 180 e 197.
“Os casos de feminicídio, de violência contra a mulher, têm aumentado, em razão de vários fatores: nós vivemos em uma sociedade machista, o estado de Goiás é marcado por este machismo, pelo patriarcalismo, onde a mulher é tida como objeto. A mulher precisa denunciar os casos de violência nos primeiros sinais. É só esta mulher que pode perceber estes sinais.”
“Quando aquele homem começa a agredi-la com palavras, ciúmes excessivos, é o momento que a mulher tem para procurar uma delegacia de polícia”, alerta a delegada.
A Polícia Civil registrou, só este ano, 41 tentativas de feminicídios. Em 2017, foram 31 mulheres assassinadas pelos companheiros. Conforme a delegada, na maioria dos casos em que o houve violência doméstica, seja por meio de agressão ou até a morte, as mulheres não haviam feito denúncia.
“E muitas vezes, ela não o faz por várias situações: por medo, por falta de informação, mas nós precisamos cada vez mais conscientizar estas mulheres. Elas precisam de ajuda, de proteção, e a Delegacia da Mulher é a porta de entrada”, disse.
4 CRIMES EM 48h:
Nome: Karyta Augusto Rodrigues dos Santos
Idade: 18 anos
Karyta foi encontrada morta, com várias facadas, no último sábado (1º), na casa em que morava, em São Luiz de Montes Belos, na região central de Goiás. Segundo a Polícia Civil, o suspeito de cometer o crime é o companheiro da vítima, o segurança Valdivino de Jesus Damas, de 50 anos, que não foi localizado.
O que diz a polícia: “Não temos dúvida que ele é o autor se trata de um feminicídio, estamos realizando diligências para prendê-lo e apurar o motivo da discussão que terminou com a morte da vítima”, disse o delegado Tiago Junqueira Almeida, responsável pelo caso.
Nome: Maria das Graças Santos Melo
Idade: 54 anos
O borracheiro Hermes Peixoto de Melo, de 65 anos, é suspeito de matar a facadas a mulher, Maria da Graça Santos, de 54 anos, também no último sábado, dentro de casa, em Goianésia, na região central de Goiás. Segundo a Polícia Civil, em seguida, Hermes escreveu uma carta e se matou.
O que diz a polícia: “Ele deixou um carta dizendo que eles estavam juntos há 35 anos e ela pediu a separação. Ele disse que estava muito triste e que não ia aceitar isto”, disse o delegado Marco Antônio Zenaide Maia Júnior, que registrou o caso.
Nome: Sandra Elisa Santos Lobo
Idade: 32 anos
Um homem foi preso, na sexta-feira (31), suspeito de matar a mulher, Sandra Elisa Santos Lobo, de 32 anos, com facadas no pescoço, no Jardim Novo Mundo, em Goiânia. Segundo a Polícia Civil, Thiago Henrique Paes de Sousa, de 31 anos, foi preso embriagado em uma distribuidora de bebidas minutos após o corpo da vítima ser encontrado na casa onde o casal vivia. Em depoimento, ele, que já tinha passagem por tentativa de homicídio contra a mulher, negou ter praticado o crime.
O que diz a polícia: “Consta que o autor estaria bebendo e teria ido até a residência da vítima com essa pessoa para pegar uma sacola. Ele abriu o imóvel com a chave que estava no bolso dele. Essa testemunha viu o corpo da vítima e acionou a polícia”, contou o delegado responsável pela investigação Hellyton Carvalho.
Nome: Mônica Gonzaga Bentavinne
Idade: 22 anos
O comerciante João Carlos dos Reis Arantes, de 23 anos, foi preso em flagrante na quinta-feira (30) suspeito de matar a namorada, Mônica Gonzaga Bentavinne, de 22 anos, por ciúmes, em Goianira, na região central de Goiás. Informalmente, o rapaz disse à polícia que queria ver o celular da moça, mas ela não deixou. Ele disse ainda que atirou achando que não teria bala.
O que diz a polícia: “Ele disse que era ciumento, pediu para ver o celular dela porque não queria que ela conversasse com mais ninguém. Ela se recusou, ele pegou a arma e deu um tiro para o alto, mas a arma falhou. Ele disse que achou que não tinha mais balas e disparou contra o rosto dela”, explicou o delegado Bruno Costa e Silva, responsável pelo caso.
Por G1