Depois de cuidar do animal, Ana Carolina o deixou em um lugar afastado da rodovia para evitar que ele fosse atropelado. O tatu se aproximou sem medo e aproveitou o refresco.
Uma empresária gravou um vídeo dando água e fazendo carinho em um tatu às margens de uma rodovia, em Acreúna, sudoeste do estado (veja acima). Ana Carolina imaginou que o animal pudesse estar com sede devido ao tempo quente e seco no estado.
“O tatu não estava nem com medo, foi completamente mansinho de tanta sede que ele estava, ficamos morrendo de dó”, disse.
A empresária explicou que após dar à água para o tatu, ela levou o animal para debaixo de uma árvore grande onde havia sombra e algumas folhas secas. Depois de ter socorrido o bichinho, ela procurou outros no local onde estava, mas não encontrou, deixando o animal sozinho com o restante da água dentro do potinho.
A moradora de Acreúna diz que já tinha visto notícias parecidas de pessoas dando água para alguns animais silvestres devido a seca, mas essa foi a primeira vez que presenciou tal situação. O ocorrido aconteceu na última quinta-feira (15).
“Estamos vivendo uma estiagem preocupante. Há dias não chove e na metade de agosto ainda tivemos uma queimada muito forte aqui na nossa região. A situação está complicada até para os animais”, completou Ana.
De acordo com o biólogo Edson Abrão, no Centro-Oeste existem 20 espécies de tatu. Pelo vídeo, ele acredita que se trata de um “tatu-peba”, o mais comum e encontrado na região.
“Ele está entrando na lista de animais em extinção, principalmente devido a caça e destruição de hábitat com os focos de incêndio na região. Ele é um animal que ajuda no equilíbrio ecológico de forma eficaz, se alimenta de insetos, como cupins e formigas”, explicou Edson.
Focos de queimadas
O cerrado queima em níveis recorde neste ano. Até agosto, foram registrados 20.095 pontos de incêndio no bioma, número superior ao que foi identificado na Amazônia – 16.874 – e na Mata Atlântica — 4.684 —, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Os dados são preocupantes, ainda mais quando se leva em conta que o período mais crítico da temporada de seca ainda está acontecendo — agosto, setembro e outubro.
*Victoria Lacerda é integrante do programa de estágio entre TV Anhanguera e Pontifícia Universidade Católica de Goiás, sob orientação de Paula Resende.