“Com racismo não tem jogo.” Sob o lema antirracista, que moldou o cenário do amistoso deste sábado, a seleção brasileira venceu Guiné por 4 a 1, no vazio Estádio Cornellà-El Prat, em Barcelona, na Espanha. Durante o primeiro tempo, o Brasil atuou com um uniforme preto pela primeira vez em sua história. O jogo ainda ficou marcado por manifestação dos jogadores, cartazes da torcida em homenagem a Vinícius Júnior, que marcou um dos gols, e um caso de racismo contra um amigo do atacante do Real Madrid nas dependências do estádio antes de a bola rolar.
Joelinton, Rodrygo e Éder Militão também balançaram as redes pela seleção brasileira. Os comandados de Ramon Menezes não apresentaram um futebol vistoso e tiveram dificuldade para controlar efetivamente o modesto adversário. Vini Jr., que tinha os holofotes voltados para si e vestindo a camisa 10, fez um jogo discreto. Melhorou a atuação no segundo tempo, com jogadas plásticas, adornada pelo gol de pênalti nos minutos finais.
O Brasil volta
Assim que o árbitro letão autorizou o início do jogo, jogadores de Brasil e Guiné se ajoelharam e sentaram no chão em protesto contra o racismo por um minuto. Apesar do estádio com muitos lugares desocupados, a torcida fazia barulho a casa vez que Vini Jr. tocava na bola. Nas arquibancadas, torcedores exibiam cartazes e faixas com menção ao brasileiro e em combate aos racismo.
Guiné não se intimidou no primeiro jogo contra uma seleção campeã mundial e seus jogadores não facilitaram a vida dos brasileiros, que demoraram a se encontrar no jogo. O ritmo da equipe guineana não era nada amistoso.
O oportunismo falou mais alto aos 27 minutos em favor da seleção brasileira. Guiné cometeu uma falta infantil na lateral da grande área. Na cobrança de Danilo, Richarlison desviou o cruzamento, o goleiro Koné fez boa defesa, mas o estreante Joelinton – que não perdeu o faro de gol, apesar de deixar a posição de atacante – apareceu para empurrar para a rede.
Com o placar inaugurado, o Brasil entendeu que o lado esquerdo era o ponto fraco da defesa de Guiné. Por lá, Rodrygo foi valente, recuperou a posse de bola e chutou para estufar a rede e ampliar o marcador. Guiné, porém, não esmoreceu e mostrou vontade para aproveitar qualquer brecha. Guirassy aproveitou indecisão da defesa brasileira e cabeceou para as redes após cruzamento no limite da linha de fundo, descontando o placar aos 36 minutos.
O primeiro tempo mostrou um Brasil sem padrão de jogo, com dificuldade de articulação. A diferença notória da qualidade técnica deu vantagem ao time brasileiro, que soube aproveitar as raras oportunidades que teve, especialmente pelos vacilos guineanos na lateral esquerda.
Na volta do intervalo, o Brasil trocou o uniforme pelo tradicional, com camisas amarelas, calções azuis e meiões brancos. Não demorou para a seleção engatar uma pressão sobre
Com a partida controlada, a seleção brasileira passou a arriscar em lances que exigem habilidade, como dribles, e precisão, com chutes de fora da área. Vini Jr. se sentiu mais à vontade e começou a aparecer mais.
Com alterações, Guiné ganhou fôlego novo e se lançou ao ataque. Ederson se mostrou decisivo, como na final da Champions League no último sábado, e fez boa defesa. Richarlison pegou um gol impressionante, saindo cara a cara com o gol. O atacante do Tottenham se atrapalhou com a bola, exagerou nas tentativas de dribles e ficou no quase.
Lucas Paquetá alçou a bola para a grande área, novamente do lado canhoto da defesa da seleção africana, Éder Militão apareceu e desviou para o fundo do gol.
Aos 40 minutos, Malcom, que entrou no lugar de Rodrygo, balançou para cima da marcação e foi derrubado. O juiz assinalou pênalti e Vini Jr. foi para a cobrança. O atacante cobrou com categoria, buscando o canto inferior direito e fazendo a festa da torcida, para coroar um amistoso feito em torno da causa antirracista da qual ele se tornou a voz mais destacada no futebol. Pouco depois, ele foi substituído por Rony, do Palmeiras, e ganhou mais aplausos da torcida.
Por Estadão