Polícia Civil pediu a quebra do sigilo fiscal da suspeita para confirmar que o nome dela estava vinculado à compra. Ao ser presa, advogada negou ter matado o ex-sogro e a mãe dele.
O veneno usado para matar mãe e filho em Goiânia foi comprado pela internet, em grande quantidade e levado por um motorista de aplicativo por 200 km, da casa em que a advogada suspeita do crime morava, em Itumbiara, até o hotel em que estava hospedada na capital, segundo revelou a Polícia Civil. Um vídeo mostra Amanda Partata Mortosa após receber a caixa de papelão em que o veneno estava.
Em nota, a defesa da advogada disse que vai se manifestar apenas nos autos do processo. Ao chegar à delegacia, no dia em que foi presa, a advogada negou ter cometido o crime. Na ocasião, conforme a polícia, ela fingiu passar mal durante o depoimento e ficou nervosa quando o delegado pediu o celular dela. Já no segundo interrogatório, ela ficou em silêncio e, de acordo com o investigador, não demostrou arrependimento. Ela está presa na Casa do Albergado, em Goiânia.
O crime aconteceu em 17 de dezembro. A Polícia Civil revelou que, após a prisão de Amanda, que aconteceu em 20 de dezembro, um motorista de aplicativo procurou a delegacia e disse que entregou uma encomenda para ela em um hotel, no Setor Marista, em Goiânia, um dia antes do crime.
O motorista foi ouvido e contou que a encomenda entregue era uma caixa de uma indústria de produtos químicos e farmacêuticos e que o produto tinha nota fiscal. Com isso, a polícia decidiu pedir à Justiça a quebra do sigilo fiscal de Amanda para descobrir se a compra do veneno foi feita por ela.
Segundo a Polícia Civil, entre as notas fiscais da suspeita duas eram de compras de veneno que foram feitas pela internet e entregues pelos Correios na casa dela, em Itumbiara. A polícia descobriu ainda que a secretária que trabalha na residência de Amanda foi quem recebeu a encomenda e entregou para o motorista de aplicativo levá-la até Goiânia.
A PC disse que a secretária foi ouvida, mas não sabia o que tinha na encomenda. Ela colaborou com as investigações e inclusive mostrou conversas dela com Amanda de quando o pacote chegou à residência. A participação dela no crime foi descartada.
Laudo da perícia
O veneno da nota fiscal é o mesmo encontrado nos alimentos que a suspeita serviu às vítimas no dia do crime e nos cadáveres analisados pelo Instituto Médico Legal (IML).
De acordo com a investigação, a advogada comprou 100 ml do veneno, quantidade suficiente para matar várias pessoas. O laudo da Polícia Científica apontou que a substância foi colocada em dois potes de doces.
A Polícia Científica disse ainda que o veneno é considerado ‘potente’ e foi usado em grande quantidade. Mesmo em pequenas doses, a substância é tóxica e letal, e não tem sabor nem odor, ou seja, não é possível ser percebida.
A perita criminal Mayara Cardoso informou que foi realizado um exame toxicológico em amostras coletadas no local do crime e amostras retiradas dos corpos das vítimas. Mais de 300 testes para agrotóxicos, remédios e outras substâncias foram feitos.
O nome da substância não foi divulgado. Ao todo, foram analisadas quatro amostras de bolo, das quais duas estavam contaminadas. Também foram analisadas colheres, sucos e outros itens encontrados no local. A substância não foi encontrada no suco do café da manhã da família.
Crime
Conforme a Polícia Civil, na manhã de 17 de dezembro, Amanda Partata foi até a casa da família do ex-namorado levando um café da manhã, com pão de queijo, biscoitos, suco e até bolos de pote de uma famosa doceria de Goiânia.
Estavam na casa: Leonardo Pereira Alves, pai do ex-namorado; Luzia Tereza Alves, avó do ex-namorado; e o marido de Luzia. Destes, apenas o último familiar não tomou o café da manhã. Logo após comerem, o ex-sogro e a mãe dele começaram a passar mal. Eles morreram horas depois.
Investigação
Mais de 50 horas de vídeos de câmeras de segurança, documentos, quebra de sigilo fiscal e depoimentos foram analisados na investigação da Polícia Civil. Ao todo, foram 12 dias de investigação. Os vídeos de câmeras de segurança são desde o dia 14 de dezembro, quando Amanda viajou de Itumbiara para Goiânia, até 20 de dezembro, dia da prisão dela.
O médico Leonardo Pereira Alves Filho, ex da advogada e filho de uma das vítimas, se pronunciou sobre o caso pela primeira vez na tarde de terça-feira (26), após prestar depoimento à polícia. Ao lamentar a morte do pai e da avó, ele disse nunca ter imaginado algo que justificasse “tamanha brutalidade”.
“A gente nunca imaginava qualquer coisa que justificasse tamanha brutalidade. E a gente tá vivendo nosso luto. Tem sido muito difícil”, desabafou o médico.
O médico, a irmã Maria Paula e a mãe dele, Elaine, prestaram depoimento na terça-feira (26).
Nota da defesa de Amanda na íntegra
Os advogados que atuam na defesa da Sra. Amanda, tendo em conta as informações prestadas pela Autoridade Policial, informam que somente se manifestarão nos autos processuais.
Por G1