O número de casos de acidente vascular cerebral (AVC) em jovens e adultos com menos de 45 anos tem chamado a atenção de médicos especialistas no assunto. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o número de jovens que sofreram com AVC aumentou de 10% em 2020, antes da pandemia, para 18%, em 2022. “A gente tem visto muitos pacientes jovens com a doença, principalmente depois da pandemia, e não é por conta da vacina como muitas pessoas falam. Até porque a covid-19 causa uma inflamação e isso pode ser um dos motivos junto a outros fatores de risco”, explica a médica neurologista Mariana Battaglini, coordenadora do ambulatório de AVC do Hospital de Base de São José do Rio Preto, Noroeste Paulista.
Fatores de risco
O Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC) é lembrado neste domingo (29/10). A data foi instituída para conscientizar a população sobre a doença e a importância do diagnóstico precoce. A médica explica que “o tempo curto entre o início dos sintomas e o atendimento médico é essencial para evitar sequelas graves da doença”. O AVC é a principal causa de mortes no país, segundo a Rede Brasil AVC, por isso é preciso estar atento aos sintomas e evitar os fatores de risco. “Pressão alta, sedentarismo, alimentação rica em sódio e gordura, drogas, álcool, tabagismo, aquele cigarro eletrônico que tá na moda agora, tudo isso prejudica”, diz Mariana.
O paciente Luiz Carlos dos Santos, de 54 anos, fuma desde os 17. Nesta semana, ele foi levado ao hospital após sentir o lado direito do corpo ficar dormente. Após exames, médicos constataram que se tratava de um AVC e acharam melhor interná-lo. “Eu comecei a sentir o meu braço dormente, depois foi descendo para a perna, e fiquei sem força. Minha mulher chamou a ambulância e eu vim pro hospital, não imaginava que pudesse ser um AVC”.
Luiz não ficou com sequelas graves da doença graças ao rápido atendimento médico. “Estou no hospital me recuperando. Vamos ver como vai ser daqui para frente. Eu me alimento direito, mas fumo há muitos anos, vamos ver se vou ter que mudar alguma coisa. Graças a Deus não tive nada pior”, comemora o paciente.
Tipos de AVC
De acordo com o Ministério da Saúde, o AVC acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. Quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa. “A recuperação do paciente e as sequelas vão depender da área atingida. Nós temos dois tipos de AVC que acontecem por motivos diferentes, o hemorrágico e o isquêmico”, explica a médica.
AVC hemorrágico: quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta hemorragia pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. Pode ser o mais fatal entre os dois.
AVC isquêmico: quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo (embolia). O AVC isquêmico é o mais comum e representa 85% de todos os casos.
Sintomas
A médica explica que as pessoas precisam ficar alertas sobre os sinais de um AVC. “Os mais comuns são formigamento, fraqueza nos braças e nas pernas, alteração na fala ou na compreensão, principalmente quando a pessoa tava dormindo e acorda confusa, isso pode ser um sinal”, destaca.
Tratamento e reabilitação
A pessoa com alterações decorrentes de um AVC pode apresentar diversas limitações em consequência da doença, e a recuperação é diferente em cada caso. “Os primeiros três meses para o paciente em processo de reabilitação são fundamentais. Em cada caso o médico vai indicar a melhor forma de tratamento, processos de reabilitação e medicamentos”, ressalta a médica.
Prevenção
Um estudo da Organização Mundial do AVC revela que o número de mortes pela doença no mundo poderá aumentar 50% e chegar a quase 10 milhões de vítimas até 2050, se ações de prevenção não forem aprimoradas. De acordo com a médica ouvida pela reportagem, os casos de AVC podem ser evitados através do controle dos fatores de risco. “É preciso ter uma vida saudável, se alimentar bem, fazer exercícios e exames de rotina”, finaliza.
Por AR