Operação desencadeada nesta quinta-feira cumpriu 17 mandados de busca e apreensão, e ouviu alguns investigados. Prejuízo ao erário pode ultrapassar R$ 2,5 mi
Mais de 100 policiais civis participaram de uma operação na manhã desta quinta-feira (23) que investiga fraudes e superfaturamentos de contratos entre a Agência Brasil Central (ABC), o Departamento de Trânsito de Goiás (Detran), sites e blogs de Goiás. De acordo com as investigações, os crimes, cometidos entre 2014 e 2017, teriam beneficiado apenas donos de páginas que se propunham a falar bem do governo passado e atacar adversários políticos. Juntas, as partes podem ter podem ter provocado um prejuízo superior a R$ 2,5 mi aos cofres do estado.
A Polícia Civil (PC) começou a investigar o grupo após uma ação civil pública, impetrada pelo Ministério Público Estadual (MP). “Nós constatamos que a licitação para a distribuição da propaganda do Detran neste período em específico foi feita como manda a Lei, mas, a partir daí, as 10 agências escolhidas recebiam orientações dos presidentes do Detran e da Agecom, hoje ABC, para que destinassem mais recursos a determinados meios de comunicação digitais, que muitas vezes recebiam um valor bem superior aos de outros sites que tinham maior audiência”, relatou o delegado Alexandre Otaviano Nogueira, adjunto da Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (DERCARP).
Ao todo, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Hidrolândia. Somente no Detran, os agentes apreenderam 500 processos, e, na ABC, outros 216. Celulares, documentos e computadores também foram apreendidos na casa dos investigados.
Entre seis suspeitos de participação no esquema, estão sendo investigados o ex presidente da Agecom, Luiz Siqueira, e os ex presidentes do Detran João Furtado, e Manoel Xavier. Também estão no grupo jornalistas responsáveis por blogs e sites como o Canal do Gama, Blog do Cleuber Carlos, Goiás 24 Horas, entre outros.
Ao chegar para prestar depoimento na DERCARP, o radialista Cristiano Silva, dono do Site Goiás 24 horas, que também está sendo investigado, disse que não há qualquer irregularidade nos contratos firmados entre o governo anterior e páginas de comunicação virtual. “Se a mídia pela qual recebemos foi publicada durante 30, 40 ou 60 dias, onde está o crime?”, questionou.
O delegado disse que os investigados podem responder por peculato, corrupção ativa e passiva. O próximo passo da polícia, segundo Alexandre Otaviano Nogueira, é analisar os documentos apreendidos hoje para, então, identificar a responsabilidade de cada envolvido no esquema.
Por Mais Goiás