Javier Milei vence peronismo e é eleito novo presidente da Argentina

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Argentine congressman and presidential candidate for La Libertad Avanza Alliance Javier Milei gestures after casting his vote at a polling station in Buenos Aires, during the presidential election runoff on November 19, 2023. (Photo by Luis ROBAYO / AFP)

O ministro da Economia, Sérgio Massa, reconheceu derrota destacou campanha ‘longa e difícil’ e pediu ‘respeito por quem pensa diferente’ no país. Números apontam vantagem de mais de 10 pontos percentuais

Os argentinos elegeram Javier Milei, fundador do La Libertad Avanza (LLA), como o novo presidente do país, durante segundo turno que aconteceu neste domingo (19). A vitória foi sobre o candidato Sérgio Massa, atual ministro da Economia do país.

Com mais de 90% dos votos válidos apurados, Milei obteve 55,86% contra 44,13% de Sergio Massa.

Massa reconheceu a derrota logo após a divulgação dos primeiros números. “Javier Milei é o presidente eleito pela maioria dos argentinos para os próximos quatro anos. Foi uma campanha muito longa e difícil, com conotações duras e espero que o respeito por quem pensa diferente seja estabelecido na Argentina”, disse em seu discurso.

Trajetória

 

Autodenominado anarcocapitalista, Javier Gerardo Milei, fundador do La Libertad Avanza (LLA), é um defensor das forças irrestritas dos mercados e do comércio, da primazia da propriedade privada e de um Estado mínimo.

Com uma plataforma polêmica, que prevê a dolarização da economia, o fechamento do Banco Central e o expurgo “da casta política”, Milei busca colocar fim ao peronismo representado pelo ministro da Economia e candidato, Sergio Massa.

Com 53 anos, Milei tem uma trajetória política meteórica. Foi eleito a deputado por Buenos Aires em sua primeira eleição, em 2021. Seu partido, o LLA, tem apenas dois anos de existência.

Ele se tornou um fenômeno político na Argentina quando começou a participar de programas de debate na TV, nos quais as regras éticas do jornalismo costumam ser ignoradas e a incontinência verbal predomina.

“É um formato que fomenta ataques pessoais, impede o debate de ideias e elimina as barreiras da boa educação e o bom gosto, dando lugar à escatologia, ao insulto e à violência verbal”, diz o sociólogo Gabriel Puricelli, vice-presidente do Laboratório de Políticas Públicas e professor da Universidade de Buenos Aires (UBA).

Construiu um personagem combativo, verborrágico, gritão, polêmico, antifeminista e misógino. O mesmo que o catapultou ao cenário eleitoral e captou a atenção dos eleitores descontentes com a corrupção, a inflação, os salários baixos, a falta de perspectivas de melhora pessoal futura, a piora da qualidade de vida, o aumento da desigualdade, a instabilidade econômica.

No país que acalenta o sonho da estabilidade da moeda, sua principal proposta é a dolarização da economia.

Também capitalizou o sentimento dos reacionários, contrários aos avanços dos direitos individuais. É contra o aborto, a educação sexual nas escolas e as políticas de direitos humanos. Porém, surpreende ao afirmar que não tem problema com as relações homossexuais, mas condena o casamento homoafetivo como instituição.

Por outro lado, desqualifica o economista John Maynard Keynes porque “era homossexual e, como tal, vivia separado do mundo das pessoas comuns com o dos agentes da economia real”.

Solteiro empedernido, Milei namora a humorista Fátima Flores, sem aparentes planos de se casar. Vive com quatro cães clonados a partir do DNA de seu cachorro de estimação Conan, um mastim inglês que morreu com 13 anos.

No discurso de vitória nas primárias de agosto, ele agradeceu aos seus “filhos de quatro patas” que levam nomes de economistas conservadores: Milton Friedman, Robert Lucas e Murray Rothbard.

Estudou em instituições privadas, da pré-escola ao ensino superior, e promete acabar com o ensino público — que atende a maioria da população. Se formou na Universidade de Belgrano, fez dois mestrados no Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social (IDES) e na Universidade Torcuato di Tella, uma das mais caras do país.

Segundo a biografia não autorizada, escrita pelo jornalista Juan Luis González, o economista foi criado em um ambiente de violência física e verbal, em Palermo, bairro de classe média alta de Buenos Aires. Tinha apoio somente da avó materna e da irmã mais nova, Karina, que o acompanha sempre.

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