Terremoto no Marrocos deixa ao menos 820 mortos, aponta novo balanço

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Abalo sísmico teve magnitude de 6,8 pontos na escala Richter

Pelo menos 820 pessoas morreram devido a um poderoso sismo de magnitude 6,8 que provocou o desabamento de vários edifícios na noite de sexta-feira em Marrocos, com epicentro perto da cidade turística de Marrakech, segundo um balanço oficial divulgado este sábado.

O terremoto aterrorizou a população, que fugiu de suas casas no meio da noite. O Ministério do Interior informou que há 672 ferido feridos, dos quais 205 graves. O terremoto causou o colapso de vários edifícios especialmente nas províncias e municípios de al Haouz, Taroudant, Chichaoua, Ouarzazate e Marrakech, no sudoeste.

O choque foi sentido até na capital Rabat, a centenas de quilômetros de distância, e em cidades costeiras como Casablanca ou Essaouira, até mesmo no país vizinho, a Argélia.

O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) informou que o terremoto foi de magnitude 6,8 e ocorreu a uma profundidade de 18,5 quilômetros, com epicentro 71 quilômetros a sudoeste de Marrakech às 23h11, horário local (22h11 GMT).

— Sentimos um tremor muito violento, percebi que era um terremoto — disse Abdelhak el Amrani, um morador de Marrakech, de 33 anos, à AFP em entrevista por telefone.

— Vi os prédios se movendo. Não temos reflexos para esse tipo de situação. Então saí e havia muitas pessoas do lado de fora. As pessoas ficaram chocadas e em pânico. As crianças choravam, os pais estavam indefesos — disse Amrani.

A mídia marroquina informou que este é o terremoto mais poderoso registrado neste reino no Norte da África. O Ministério do Interior afirmou que as autoridades mobilizaram “todos os recursos necessários para intervir e ajudar nas zonas afetadas”.

Os hospitais de Marrakech registaram um “fluxo maciço” de feridos e o centro de transfusão de sangue local lançou um apelo à população para fazer doações.

‘Entramos em pânico’

Vídeos gravados em Marrakech mostram moradores deixando edifícios aterrorizados em meio aos tremores, destroços caindo de edifícios em vielas estreitas e veículos cobertos de pedras.

Uma delas mostra o minarete de uma mesquita que desabou na famosa praça Jemaa el Fna, coração de Marrakech, causando ferimentos a duas pessoas.

Um correspondente da AFP viu centenas de pessoas reunidas nesta praça emblemática para ali passarem a noite com medo de tremores secundários. Alguns com cobertores e outros dormiam diretamente no chão.

— Estávamos andando pela Jemaa el-Fna quando o chão começou a tremer, foi uma sensação realmente incrível. Estamos sãos e salvos, mas ainda chocados — explicou Houda Outassad, morador da cidade, à AFP na praça.

—Tenho pelo menos dez parentes que morreram em Ijoukak (uma cidade rural em al-Haouz). Acho difícil acreditar porque estive com eles há menos de dois dias

Mimi Theobald, uma turista inglesa de 25 anos, estava com alguns amigos prestes a comer sobremesa na esplanada de um restaurante “quando as mesas começaram a tremer, os pratos a voar”.

— Entramos em pânico — disse ele.

‘Gritos e choros’

Fayssal Badour, 58 anos, estava voltando para casa quando percebeu o tremor.

— Parei e percebi a catástrofe. Foi muito grave — disse ele. — Os gritos e choros eram insuportáveis.

O tremor teve magnitude 6,8 e provocou desabamento de vários edifícios na noite de sexta-feira.

O francês Michael Bizet, dono de três estabelecimentos turísticos em casas tradicionais (riads) na cidade velha de Marrakech, disse que o tremor o acordou durante o sono.

— Achei que minha cama estava voando. Saí para a rua meio nu e fui ver os riads. Foi um caos total, uma verdadeira catástrofe, uma loucura — explicou.

O terremoto foi sentido em várias províncias do oeste da Argélia, país vizinho, mas o departamento de defesa civil descartou danos ou vítimas.

Repercussão

O presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, expressou suas condolências ao país vizinho pela “tragédia”. O chanceler do país, José Manuel Albares, disse durante a cúpula do G20 que equipes de resgate estão à disposição para ajudar na emergência no Marrocos.

— A Espanha ofereceu ao Marrocos, se julgar necessário, tanto sua capacidade de resgate, que nesses momentos é a mais importante, quanto sua capacidade de reconstrução, uma vez passado esse momento. O que é importante agora é salvar o maior número possível de vidas — disse Albares aos repórteres na cúpula do G20 na Índia.

A França, que tem uma grande população de origem marroquina, também manifestou a sua “solidariedade” e o seu presidente, Emmanuel Macron, disse estar “chocado”. Benoît Payan, prefeito de Marselha, uma cidade portuária mediterrânea no sul da França, disse que enviaria bombeiros ao Marrocos para ajudar nos esforços de resgate.

O presidente americano Joe Biden também manifestou sua “profunda tristeza” pelas vítimas do sismo e disse que o país está “pronto para ajudar com qualquer assistência necessária”. “Estou profundamente triste com a perda de vidas e a devastação causada pelo terremoto no Marrocos”, disse em comunicado. “Nossos pensamentos e orações estão com as pessoas afetadas por essa terrível situação.”

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin; da Ucrânia, Volodymyr Zelensky; da China, Xi Jiping; e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, além do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, também expressaram as suas condolências e solidariedade. A União Africana expressou a sua “grande dor” pela tragédia.

Falando do G20 em Nova Deli, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, disse estar “extremamente triste com a perda de vidas”.

O reino alauita sofre terremotos frequentes em sua região norte porque está entre as placas africana e euroasiática. Em 2004, pelo menos 628 pessoas morreram e 926 ficaram feridas quando um terramoto atingiu al-Hoceima, no nordeste do país.

Por Agência o Globo

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