Facções criminosas ameaçam Amazônia com ‘narcogarimpo’

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O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime publicou o Relatório Mundial sobre Drogas de 2023, que destaca a crescente conexão entre o narcotráfico e os crimes ambientais na região da Amazônia Legal. Essa relação é evidenciada pela ocupação irregular de terras, extração ilegal de madeira e garimpo clandestino. A presença de facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) de São Paulo, o Comando Vermelho (CV) do Rio de Janeiro, e diversos outros grupos do Brasil e de outros países, desempenha um papel significativo nessa situação na Região Norte.

Os grupos criminosos que controlam as rotas de tráfico de drogas também aproveitam essa posição para investir na exploração de recursos naturais, conhecida como “narcogarimpo”, e na imposição de taxas. Diante desse cenário preocupante, a ONU incorporou pela primeira vez um capítulo dedicado à criminalidade na Amazônia em seu relatório.

Segundo o relatório da ONU, plantações de coca em países como Bolívia e Peru são vistas como de “impacto mínimo” em relação ao desmate. O problema está na “economia da droga”, que envolve a mineração irregular, a principal origem do mercúrio que polui os rios, além da grilagem de terra e abertura de estradas clandestinas, que contribuem para a derrubada de árvores. O Comando Vermelho, segundo o documento, vem estendendo há alguns anos suas operações de garimpo para a região de Madre de Deus, no Peru e ainda é visto como a facção de maior poder no Norte.

Ao mesmo tempo, grupos como o PCC “se infiltraram em múltiplas operações de mineração ilegal, oferecendo ‘proteção’, extorquindo ‘impostos’ e controlando poços e máquinas de dragagem”. A facção atua como “síndica” do garimpo no Território Yanômami, em Roraima, onde o governo decretou emergência de saúde. Ao menos desde 2019, garimpeiros passaram a carregar fuzis, e não mais armas de caça, e mudaram até como se vestem, com o uso de roupas pretas.

Números já chegam a 50%

Análise de 369 operações da Polícia Federal, ao longo de cinco anos, divulgada pelo Instituto Igarapé em 2022, mostra que em metade dos casos foi possível identificar uma organização criminosa por trás dos delitos. No conjunto, os delitos com alguma dimensão de violência (armas, drogas, crimes contra a pessoa e trabalho escravo), estavam presentes em 29% das operações.

Ainda segundo o relatório da ONU, crimes vistos como convergentes, de esquemas de proteção e extorsão a lavagem de dinheiro e corrupção, tornaram sobretudo as fronteiras entre Brasil, Colômbia e Peru um ponto violento, com diversos grupos criminosos envolvidos simultaneamente no tráfico de cocaína e na exploração de recursos naturais. Um deles é o Comando Classe A, a quem o PCC se aliou para tentar fazer frente ao Comando Vermelho na Região Norte.

Por JO

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